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37ª Feira do Livro de Bento Gonçalves leva literatura para todos os cantos da cidade

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No total, 11 livreiros e diversas ações culturais são realizadas desde o último dia 5 e seguem até domingo, 16/10

Foto: Lucas Marques

A 37ª edição da Feira do Livro de Bento Gonçalves chega ao seu fim no próximo domingo, 16/10, mas desde o último dia 5 tem movimentado a cidade. Seja na Via Del Vino, onde o palco principal está fixado e onde estão localizadas as bancas de livros, ou nos outros locais espalhados pela cidade em que estão sendo feitas iniciativas, é fato que o espírito encantador e transformador da literatura tomou conta do município. 

No ponto principal, estão dispostos 11 livreiros com os mais variados gêneros e estilos literários. São livros de romance clássicos, romance adolescente, histórias de príncipes e princesas, de animais e suas aventuras, obras religiosas e sobre espiritualidade, títulos premiados do Brasil e no exterior, bem como livros brasileiros, de escritores e ilustradores da cidade, além de obras do escritor homenageado Firmino Splendor e do patrono Zack Magiezi.

Uma das vendedoras conversou com a reportagem e destacou quais os gêneros de livros estão sendo os mais procurados pelos leitores. “Está havendo uma procura muito grande por livros que contam sobre assassinos em série, sobre os casos, as vítimas, como eles foram presos ou como ainda estão soltos pela sociedade”, afirma. E essa procura tem motivo provável: é que cresce cada vez mais o número de produções para as plataformas de streaming sobre “true crime”, ou crime verdadeiro, em tradução literal. O termo é utilizado para caracterizar séries de TV, filmes e podcasts especializados em descrever e apresentar casos famosos de assassinos em série ou sobre suas vítimas.

Um exemplo mais recente é a série “Dahmer: um canibal americano”, da Netflix, que tem batido recordes no Brasil e no exterior. Jeffrey Dahmer foi um serial killer nos Estados Unidos entre 1978 e 1991, quando torturou, matou, escondeu e até se alimentou da carne de 17 homens. Ele morreu na prisão em 1994. “Até parece que nós, leitores desses casos, somos psicopatas por gostarmos dessas histórias (risos), mas é que elas parecem tão irreais, parecem ser inventadas, que ficamos chocados quando alguém realmente faz”, disse a vendedora e também leitora desse gênero literário.

Estudantes no encontro com o escritor e rapper Chiquinho Divilas, de Caxias do Sul. Foto: Lucas Marques

Mas, além disso, a Feira também é uma oportunidade para que estudantes da rede municipal, estadual e particular tenham um contato ainda mais próximo com a literatura e escritores. No total, nove mil alunos de 48 escolas devem passar pela Feira até o último dia. “Vir à Feira do Livro é sempre muito gratificante, principalmente pela oportunidade que os alunos têm de ter esse contato direto com o escritor. Nós trabalhamos previamente na sala de aula com os livros, mas é esse contato com o próprio escritor, essa oportunidade de estar diante dele, de ver que ele é real, que torna o trabalho ainda mais interessante”, disse a professora de literatura Rosane Ferronato, que trabalha em duas escolas do município.

Com o aumento do uso de aparelhos tecnológicos por parte de crianças e adolescentes, a leitura literária pode, muitas vezes, perder espaço para jogos e outras fontes de entretenimento, porém, um trabalho é realizado para que o interesse nos livros e suas histórias não sejam perdidos. “É uma tarefa de formiguinha, a gente precisa incentivar sempre um pouquinho, tentar cativar, pegar um detalhe interessante, um personagem, muitas vezes até o cinema, as adaptações cinematográficas auxiliam bastante que a partir daí você traz o livro, comenta que existe […] eu acho que é a partir daí que a gente vai inserindo aos pouquinhos a literatura na escola”, destacou a professora.

No total, 11 livreiros participam da 37ª edição da Feira, que segue até 16/10. Foto: Lucas Marques

A 37ª edição do projeto também proporcionou estreias. Nove livros foram lançados, entre eles “Rald, o Robô”, escrito por Adriana Tier a partir da criatividade de seu filho, Heitor Tier Simioni, e que conta com ilustrações de Marlon Costa. Segundo ela, foi emocionante participar de um bate-papo sobre o despertar da necessidade de se contar uma história e de lançar sua obra na Feira. “Como autora foi minha primeira participação e uma honra, já que sou estreante […] estive num evento para 100 crianças numa escola de ensino fundamental antes da Feira do Livro e foi emocionante ver as crianças na fila para autografar seus livros e responder perguntas”, disse.

Sobre a importância de projetos como o de um Feira do Livro, a escritora destaca que essa é uma oportunidade de unir escritores, leitores e público envoltos na arte literária, promovendo, assim, diálogos que expandem o pensamento. “Apenas a cultura e a leitura são capazes de libertar o pensamento crítico a respeito das diferentes visões de mundo e auxiliar os indivíduos a encontrarem suas próprias análises, valores e entendimentos a respeito da realidade que os cerca”, conclui Adriana.

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