50 anos a serviço da secretaria de Obras
Em 50 anos, muita coisa aconteceu: dez prefeitos diferentes governaram Bento Gonçalves em 13 gestões, o Parque de Eventos foi construído, novos bairros foram criados, assim como centenas de ruas surgiram e milhares de veículos tomaram conta das vias. E uma pessoa acompanhou tudo isso de muito perto: José Alberto Simão. Aos 73 anos, ele comemorou meio século como servidor público municipal e recebeu as homenagens tão merecidas pelo trabalho de motorista realizado dentro da secretaria municipal de Viação e Obras Públicas ao longo de 50 anos.
Casado com Iolanda, pai de Cristina e avô de Marina, Simão é conhecido pelo largo sorriso e pela disposição no trabalho. Desde os 12 anos de idade, ele está na labuta. “Comecei produzindo pão na Padaria Brasil. Com 18 anos, servi o Exército e depois voltei para padaria, onde me tornei o entregador. Dirigia uma caminhonete Austin e levava os produtos para Garibaldi e Carlos Barbosa”, conta ele.
Aos 23 anos, ele começou no trabalho que ficaria até hoje: motorista da secretaria de Obras. “Minha principal função era dirigir o caminhão e espalhar britas pelas ruas”, conta. Naquela época, o prefeito era Milton Rosa. “Antigamente não tinha tanto maquinário, era tudo braçal. Depois de 1967, o Milton comprou a primeira carregadeira e daí começou a melhorar”, lembra, citando ainda o prefeito Sady Fialho Fagundes que, entre 1969 e 1973, também investiu em equipamentos modernos para a época.
Dentre os trabalhos marcantes – e que Simão conta com orgulho – estava a construção do Parque de Eventos de Bento Gonçalves que ele, como costume, chama de Parque da Fenavinho, porque o local foi erguido justamente para a realização da primeira edição da festa. “Lembro que começávamos a trabalhar às 5h e só parávamos às 2h da manhã do outro dia. Era tudo mato. Então, abrimos as ruas e erguemos o pavilhão”, recorda, destacando que, depois da realização do evento, a cidade começou a se desenvolver a passos largos. “A Fenavinho foi a grande responsável pelo crescimento de Bento e eu sinto muito orgulho em ter ajudado a construí-la”, diz.
Outros trabalhos também foram marcantes para Simão. “A praça Vico Barbieri e tantos outros locais de lazer eu ajudei a construir”, conta. Ele ressalta que, nesse tempo, não houve nenhum chefe do Poder Executivo que ele tenha gostado mais do que os outros. “Todos os prefeitos e secretários foram bons comigo e fizeram muitas obras para a cidade”, completa.
Apenas uma multa
Em 50 anos, Simão mostrou porque, mesmo entrando e saindo prefeitos, ele sempre se manteve como motorista da secretaria de Obras. Além de sempre estar a postos para transportar materiais ou pessoas, ele, ao longo das cinco décadas, levou apenas uma multa de trânsito. “Lembro como se fosse hoje: passei a 59km/h pelo pardal da RSC-470, no bairro Conceição, quando o máximo permitido era 50km/h. Fiquei bastante desapontado”, confessa.
E mesmo dirigindo durante toda a semana, ele sofreu apenas um acidente. “Há uns dez anos, solicitaram que eu fosse levar brita no Santa Helena, em uma rua que estava intransitável. No dia anterior, o local tinha sido patrolado e, durante a noite, choveu muito. Nem ônibus passava. Então, quando eu fui descarregar a brita nessa rua, a caçamba do caminhão levantou e o veículo simplesmente tombou. Por sorte, não aconteceu nada comigo”.
Trânsito de hoje
Cuidadoso, Simão diz fazer o dever do bom motorista todos os dias. “Chego na secretaria, olho a água, o óleo, dou uma limpada e espero a primeira saída”, detalha. Hoje, ele dirige um carro de passeio, e não mais um caminhão.
Simão também compara o trânsito atual com o de antigamente. “Hoje, as pessoas são muito mais impacientes, nervosas. Confesso que até eu tenho que contar até vinte para não me irritar. E circular no Centro a cada ano está pior”, reclama. Por causa disso, ele vai trabalhar todos os dias de ônibus. “Só dirijo no trabalho mesmo”, garante o motorista, conhecido por saber onde estão localizadas praticamente todas as ruas da cidade.
Questionado quando irá parar de trabalhar, Simão responde: “às vezes eu quero parar, às vezes não quero. Esses dias, tive que ficar dois meses parado por causa de um problema de saúde. Quase enlouqueci dentro de casa. Na verdade, eu gosto muito do meu trabalho, de conversar com meus colegas, de aprender algo novo com os engenheiros todos os dias, de ver as obras que estão sendo feitas, enfim. Vou continuar até quando der”, finaliza.
Reportagem: Raquel Konrad
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