6º BCom: 70 anos de história e sucesso
Criado em 1648, o Exército Brasileiro foi se instalando por todo o território nacional ao longo dos anos. Em Bento Gonçalves, primeira cidade da região a receber um quartel, as atividades iniciaram em 1943. Para celebrar os 70 anos da instalação e a passagem do Dia do Exército, o comando do Batalhão no município realizou diversas atividades na última quarta-feira, dia 17.
Atualmente o quadro funcional do 6º Batalhão de Comunicações (6º BCom) é composto por 400 militares, dos quais 180 são recrutas. Em um ambiente predominantemente masculino, há apenas três mulheres no quartel. O comando está a cargo do tenente-coronel José Augusto Bognoni Lós Reis, que destaca a importância da carreira militar para a manutenção da ordem no Brasil. “O Exército é um dos pilares do país. É uma instituição permanente e que dá sustentação a qualquer nação em momentos de crise. Além do que está previsto na Constituição Federal, hoje trabalhamos na fiscalização de fronteiras, em missões de paz no exterior, construção de aeroportos e rodovias, e auxiliamos também a região Nordeste, através da abertura de poços artesianos e da transposição do São Francisco”, destaca. Em Bento, os militares ajudam na recuperação de escolas e entidades assistenciais, realizam palestras e repassam informações de cunho cívico-social a estudantes. O dentista da instituição presta atendimento aos detentos do Presídio Estadual de Bento Gonçalves.
O tenente-coronel ressalta que a função essencial do Batalhão está voltada para a área da comunicação. “Nossa finalidade é instalar o sistema de comunicação do quartel em 24 unidades do Exército pertencentes ao 6º BCom. Teremos essa missão também durante a Copa do Mundo, quando instalaremos o sistema de comunicação militar – Exército, Marinha e Força Aérea – voltado para as ações de defesa”, enfatiza. Ao todo, 2.000 militares trabalharão durante o evento, no Rio Grande do Sul.
Comemoração
Na quarta-feira, dia 17, o 6º BCom promoveu diversas atividades alusivas ao 365º aniversário do Exército Brasileiro e aos 70 anos de instalação do Batalhão em Bento Gonçalves. Foi oferecido um café da manhã para ex-militares e convidados. Depois, houve formatura e entrega de medalhas à tropa. Em homenagem aos servidores que construíram a linha férrea, até hoje utilizada para transporte dos turistas na cidade, os convidados participaram de um passeio de Maria Fumaça.
Carreira
Existem quatro formas de ingresso na carreira militar: serviço obrigatório, também chamado de linha bélica (destinado a adolescentes com 18 anos de idade do sexo masculino); técnica (voltada para engenheiros); saúde (para profissionais que atuam nas áreas da Medicina, Odontologia e Farmácia); e administrativo (Direito, Contabilidade, Comunicação Social e Economia). Mais informações podem ser obtidas através do site do 6º BCom (www.6bcom.rb.mil.br) ou do Exército Brasileiro (www.exercito.gov.br).
Do 1º Batalhão Ferroviário ao 6º BCom
Em 25 de fevereiro de 1943, um batalhão de força militar foi criado pela primeira vez na Serra Gaúcha. Bento Gonçalves foi escolhida por ser considerada uma região em ascensão, pela necessidade de escoar sua produção e por integrar o comércio da região com o centro do país. A chegada dos militares, transferidos do 1º Batalhão Ferroviário de Santiago, incrementou o desenvolvimento da cidade.
Ao longo dos anos, os servidores construíram pontes, viadutos, túneis e a linha ferroviária, conhecida como Tronco Principal Sul (estrutura de Roca Sales ao Rio Saltinho e de Roca Sales a Lages, em Santa Catarina). A obra é considerada uma das maiores já realizadas pelo Exército Brasileiro. Na lista de construções estão ainda os chamados ramais, que ligam Bento Gonçalves-Rio das Antas, São Luiz Gonzaga-Cerro Largo-Santo Ângelo e Pelotas-Canguçu, além da continuidade da estrada férrea que vai do Estado do Paraná a Bagé. Em 1965, o Batalhão alcançou a marca de 1.000 quilômetros de ferrovias construídas.
Os mais de 4.500 trabalhadores, entre civis e militares, estavam alojados em 14 cidades diferentes em todo o Estado. O 1º Batalhão Ferroviário permaneceu em Bento Gonçalves até 28 de fevereiro de 1971, após o término dos trabalhos, quando foi transferido para Lages, em Santa Catarina, passando a ser denominado 10º Batalhão de Engenharia de Construção.
As instalações passaram a servir de quartel para o 3º Batalhão de Comunicação do Exército (3º BComEx) de 16 de março de 1971 a 22 de fevereiro de 1976, data em que foi transferido para Porto Alegre. Depois desse período, o foco principal do quartel local passou a ser a comunicação e não mais a construção.
Ao tomar conhecimento da saída do 3º BComEx, a população da cidade se mobilizou e o então presidente da república, o bento-gonçalvense Ernesto Geisel, criou, em 11 de novembro de 1975, o 6º Batalhão de Comunicações com Divisórias (6º BcomDiv). O novo grupamento passou a ocupar as instalações em fevereiro do ano seguinte e continuou com esta nomenclatura até 2003, passando a ser conhecido apenas como 6º Batalhão de Comunicações (6º BCom).
Curiosidades
A historiadora Assunta De Paris relata, em seu livro “Memórias: Bento Gonçalves – Fundamentação Histórica”, que os túneis construídos pelo Exército no trecho conhecido como “Roteiro Ferrovia do Vinho” (de Bento Gonçalves até a Estação Jaboticaba, seguindo em direção a Lages, Santa Catarina), são repletos de lendas.
Túnel 1 ou Túnel Bartira: localizado na altura do trecho conhecido como Ferradura, possui 97 metros de comprimento. Conta a lenda que uma jovem índia sentava todas as tardes em uma grande pedra para fazer suas orações à espera de um guerreiro que desapareceu na mata e nunca mais voltou;
Túnel 2 ou Túnel Bambino: localizado abaixo do túnel da ferradura, possui 270 metros de extensão. Antes mesmo da construção, conta a lenda que foi encontrada no local uma peça de madeira, com o desenho de uma criança. Levada pela fé, uma família de imigrantes italianos construiu uma gruta de pedra para abrigar a imagem;
Túnel 3 ou Túnel do Beijo: localizado na altura da comunidade de São Luiz, possui 559 metros de comprimento. Conta a lenda que todas as pessoas que ali se beijavam, casavam e conquistavam a felicidade eterna. Porém, os que beijavam moças que não eram suas namoradas, tinham azar pelo resto de suas vidas;
Túnel 8 ou Túnel do Corujão: localizado após a Estação Jaboticaba, possui 525 metros de extensão. Recebeu esse nome em função da grande quantidade de corujas que permanecem no local durante o dia. A construção é um desafio à engenharia, pois a interseção do ramal Bento-Jaboticaba com o Tronco Principal Sul é feita no interior do próprio túnel.
Reportagem: Katiane Cardoso
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