66 estão em tratamento contra câncer de próstata

O câncer de próstata atinge pelo menos 105 homens a cada 100 mil no Rio Grande do Sul. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o número só não é maior que no Rio de Janeiro, que apresenta uma taxa de 108 atingidos. Até o final deste ano, a estimativa é que mais de 68 mil sejam diagnosticados com a doença. Durante o “Novembro Azul”, campanha voltada aos debates sobre a importância da prevenção, ainda fica evidente certo preconceito para realização do exame que busca o diagnóstico precoce.

Em Bento Gonçalves, os dados são preocupantes. De acordo com o Núcleo de Epidemiologia Hospitalar do Hospital Tacchini, atualmente, 66 homens estão em tratamento contra o câncer de próstata e, destes, 46% são da cidade. Aproximadamente 38% dos casos são descobertos em estágio avançado – a idade média do diagnóstico é de 67,2 anos, o que comprova a demora dos homens em buscarem a prevenção. Os dados, repassados pelas médicas Alessandra Kaercher, Juliana Giacomazzi e Roberta Pozza, também apontam que de 2005 a 2012 foram diagnosticados no Hospital Tacchini 780 novos pacientes com câncer de próstata, correspondendo a 13% dos diagnósticos de câncer na instituição. Somente em 2012, 194 homens receberam confirmação da doença. Os números de 2013 e 2014 ainda estão sendo registrados. 

O câncer de próstata é o terceiro tumor mais frequente na região, antecedido somente por câncer de pele não melanoma e câncer de mama. As médicas afirmam que os diagnósticos de câncer apresentam comportamento diferente entre os sexos masculino e feminino. “Entre os 18 e 50 anos de idade, há uma maior incidência de diagnósticos no sexo feminino. Somente entre os 51 e 80 anos de idade é que há uma maior incidência no sexo masculino, com um pico considerável na faixa etária entre os 61 e 70 anos”, aponta a avaliação das profissionais.

O Centro de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital Tacchini promove, no próximo dia 19, às 18h, um debate aberto à comunidade para falar sobre a doença em todos os seus estágios. O tema será apresentado pelos médicos Fernando Obst, Thiago Cusin e Orestes Blanco Netto.

 

Números em Bento

– Apenas 2,3% dos casos são diagnosticados com idade inferior a 50 anos;

– A idade média de diagnóstico é de 67,2 anos;

– 46,9% dos pacientes diagnosticados com o tumor são provenientes de Bento Gonçalves;

– A sobrevida global de pacientes com câncer de próstata é de 82,3% no Tacchini;

– Somente em 2014, pelo menos 66 pacientes estão em tratamento quimioterápico do tumor.

 

““Descobri no início e me curei”

Um empresário bento-gonçalvense de 52 anos, que prefere não ser identificado, relatou em entrevista ao SERRANOSSA que é a prova viva que o diagnóstico precoce é essencial para a cura e a ausência de sequelas. Segundo ele, existe um grande mito e preconceito em torno do exame de toque. “Conheço pessoas, inclusive, muito esclarecidas, que se recusam a fazer. Eles pensam mais no toque do que na própria saúde”, lamenta o empresário. Ele sempre fez questão de fazer exames periódicos. A partir dos 40 anos, passou a fazer o exame de prevenção e, aos 45 anos, foi diagnosticado com o câncer de próstata. “Foi um momento muito difícil, porque na nossa mente o câncer é um atestado de morte. Mas hoje, com tratamentos modernos e tecnologia avançada, é possível, sim, a cura”, garante o empresário que, em 30 dias, fez uma cirurgia e não precisou passar por radioterapia ou quimioterapia. “Não tive qualquer sequela. Conheço casos em que o diagnóstico foi feito muito tarde e o câncer já estava tomando conta. Muitos tiveram problemas na bexiga, de impotência, entre outros, porque simplesmente adiaram o exame de toque”, conta. 

O empresário continua realizando exames periódicos a cada seis meses, especialmente o de Prova do Antígeno Prostático (PSA) e também é um amigo da Liga de Combate ao Câncer, ajudando e aconselhando pacientes que passam ou passaram pelo mesmo problema que ele.

 

Exame é essencial

O preconceito que ronda o temido exame de toque, essencial para a prevenção do câncer de próstata, ainda é o que alimenta o receio por grande parte dos homens. De acordo com os especialistas, o teste, que deve ser realizado por homens acima de 40 anos, dura no máximo 15 segundos, é simples e praticamente indolor, além de não afetar em nada a masculinidade.

De acordo com o urologista Evandro Cunha, as chances de cura do câncer de próstata são enormes – a maioria dos casos que resulta em óbito acontece devido a um diagnóstico totalmente tardio. “É a partir do exame de toque que o urologista pode analisar se a próstata apresenta alguma irregularidade”, alerta. Em geral, o câncer de próstata demora cerca de quatro anos para se manifestar, ou seja, o organismo leva um tempo para dar sinais de que algo não vai bem. Daí a importância de fazer o exame preventivo uma vez por ano. “O exame físico dá informações sobre o volume, consistência, presença de irregularidades, limites, sensibilidade e mobilidade da próstata”, explica Cunha.

Reportagem: Raquel Konrad

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