A utilização do novo radar móvel (TruCam) pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE) vem gerando grande discussão e descontentamento em significativa parcela dos motoristas – muitos reclamam que a iniciativa é apenas mais uma forma de arrecadação por parte do governo do Estado. No entanto, a utilização do equipamento tem comprovado um comportamento que há bastante tempo era tido como uma das causas de acidentes e mortes nas rodovias: o excesso de velocidade. No último mês de junho, foram aplicadas 733 multas por excesso de velocidade, uma média de 24 flagrantes por dia, somente nas estradas onde atua o Grupo Rodoviário (GRv) de Bento Gonçalves. E esse número é ainda maior, já que muitas imagens acabam descartadas por questões técnicas (veja abaixo) e a fiscalização diária ocorre, em média, por apenas três horas.
“O mais importante nesta discussão é a constatação da redução de números de acidentes e mortes nas estradas da região”, avalia o sargento Zidemar Petry Freitas, comandante do GRv. Uma reportagem do SERRANOSSA, publicada na edição do último dia 11 apontou que o número de mortes nas rodovias que cruzam Bento Gonçalves caiu 37,5% no primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013.
O novo radar capta placas a até dois quilômetros de distância. Além disso, não necessita de manutenção. O equipamento está sendo usado, em média, três horas por dia e grava duas fotos e um vídeo dos carros, motos ou caminhões flagrados. “A primeira foto é gerada quando o veículo é visualizado. A partir daí é gravado um vídeo até o equipamento gerar uma segunda foto de confirmação, na qual fica bem legível a placa”, destaca Petry. Do total de flagrantes registrados em junho, 69% motivaram autuações. O restante não pôde ser utilizado por questões técnicas. Esse descarte é, na avaliação do comandante, a prova de que o sistema não visa apenas arrecadação. “Por vários motivos nem todo o processo é bem sucedido. O sol, a sombra ou até outro veículo que atrapalhe a visão do radar pode desqualificar a infração. Qualquer foto que não tenha a identificação correta e nítida da placa é descartada”, garante Petry. “Muitas vezes o visor do equipamento demora a se moldar ao tempo. Por exemplo, se um determinado veículo está no sol e entra em um trecho de sombra, muitas vezes o radar não consegue em tempo hábil ajustar a luminosidade. Se a foto sair meio cinzenta, não conseguimos identificar a placa”, afirma o sargento. Segundo ele, nesses casos a foto do radar é automaticamente descartada.
Números do radar*
Total de imagens feitas: 1.060
Total de imagens descartadas: 327
Total de imagens convertidas em multa: 733
Êxito de imagens: 69%
Motivo de descartes
Ambulância: 2
Erro campo local: 130
Fora de prazo: 1
Foto cortada: 47
Foto desalinhada: 4
Foto escura: 55
Foto sem foco: 49
Moto frontal: 1
Placa ilegível: 25
Reflexo do sol: 10
Veículo sem placa: 3
*Fonte: Polícia Rodoviária Estadual. Números relativos a fiscalizações com o uso de radar móvel no mês de junho nas rodovias de atuação do GRv.
No Estado
No Rio Grande do Sul, o número de infrações por excesso de velocidade registradas por radares móveis aumentou mais de 700% nos últimos quatro anos. De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), o número de multas saltou de 15,3 mil no primeiro semestre de 2011 para 122,6 mil no mesmo período deste ano.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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