A arte de protelar. E protelar de novo

Quantas promessas do tipo “vamos marcar aquela janta” você fez neste ano e não conseguiu cumprir? Quantas visitas você deve aos amigos em razão da falta de tempo para fazê-las? E quantos compromissos pessoais você adiou para a semana seguinte sem que a semana seguinte chegasse efetivamente? Dizem que quem tem interesse arranja tempo (e maneiras), mas nem sempre é assim. O ritmo de vida nos impõe limites muitas vezes intransponíveis. E indo contra o final do ano, a tendência é piorar. A partir de agora, tudo que todo mundo foi protelando durante o ano se torna prioridade absoluta ao mesmo tempo. Um ritmo quase enlouquecedor. Mas não se preocupe: isso passa.

Que o tempo corre não é novidade. Parece que o ano começou ontem e já temos o Natal batendo à nossa porta, ansioso. De repente, é sexta-feira de novo e o alívio por ter encerrado mais uma semana de muito trabalho é proporcional ao espanto em função da velocidade do relógio. E enquanto contamos as horas para o mês terminar e o salário chegar, a vida passou como em um piscar de olhos: nossos filhos cresceram, nossos pais envelheceram, nosso corpo já não acompanha a mente como em outros tempos, a ansiedade deixa de ser um estado temporário de espírito para se tornar algo contra o qual precisamos lutar quase que em tempo integral. E, mesmo assim, queremos que o final de semana chegue depressa para que as férias virem realidade mais rápido. 

Se há uma boa notícia, em se tratando desta época, é que o tédio passará bem longe da maioria de nós. Serão tantos compromissos ao mesmo tempo, tantas demandas de trabalho e tantas cobranças pessoais que mal teremos tempo de notar o tempo passar até dezembro. 

O problema é que não somos apenas nós que protelamos almoços, jantares e visitas. Quem governa também protela obras e investimentos que, ao contrário dos nossos compromissos pessoais, geram transtornos em escala coletiva. 

Um bom exemplo são as mudanças no trânsito do Centro. Que são necessárias várias adaptações para desafogar as principais ruas, não se discute: não é de hoje, tampouco será a solução definitiva para uma cidade que cresceu de forma desordenada em praticamente todos os aspectos. O que é questionável é se é viável aplicar simultaneamente alterações em vários pontos, ainda mais às vésperas do período de maior movimento do ano para o comércio e em uma cidade tradicionalmente contrária a qualquer mudança que se tente implantar – seja para melhor ou para pior. A prefeitura diz que, até a metade deste mês, dez locais sofrerão mudanças, mas não anunciou quais ou que tipo de alterações serão feitas. Uma situação típica de deixar para amanhã o que pode ser feito hoje. Em tempo: se a justificativa for a necessidade de estudo, que se aguarde a poeira baixar. Afinal, o que esperou até hoje, seja por que motivo for, pode esperar mais algumas semanas. O que não dá é para tentar fazer até  dezembro o que se adiou nos outros 11 meses do ano.

É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também