A Escolha de Sophia

A Escolha de Sophia sempre foi tida como uma decisão dentre duas opções impossíveis. A expressão surgiu, na literatura, em 1979, quando um casal formado por um judeu e uma polonesa sobrevivente de um campo de concentração teve que, em determinado momento de sua vida, escolher qual dos dois filhos ficaria vivo. Essa expressão, então, passou a ser utilizada frente a uma escolha difícil, qualquer que seja ela. 

Quando jovem, ouvi de um amigo que, durante seu parto, o médico saiu da sala e perguntou para seu pai qual dos dois ele preferia que sobrevivesse, já que um dos dois corria risco de morte naquele momento. Ora, quão dolorosa é essa escolha! Quão impossível é essa escolha! Eu mesmo não saberia dizer a quem escolher. É impossível escolher. Não há como escolher… Definitivamente, não há!

Ainda assim, todos nós, diariamente, nas nossas vidas, nos deparamos com escolhas difíceis. Todos nós, em determinado momento, ficamos em dúvida sobre: perseguir um grande amor que não é correspondido; ou aquele que, sabendo ser o grande amor de alguém, o desdenha, pois é confortável receber mimos e afagos em momento de carência sem nada dar em troca, mesmo sabendo que a troca pode ser construída; questionar o fim de uma relação, que aparentemente não se sabe o motivo, quando todos, mesmo empiricamente, sabem o motivo do fim; trocar de emprego, trocar de cidade, trocar de país; casar-se, comprar uma bicicleta, fazer uma pós-graduação, iniciar uma nova faculdade, trocar de curso, trocar de vida ou, simplesmente, abandonar velhos hábitos. Sempre é uma escolha. E escolhas nunca são simples. Ou quase nunca…

Apesar de eu também experimentar dilemas da vida cotidiana, tendo que decidir sobre qual rumo seguir, nenhuma delas pode ser atribuída à escolha de Sophia. Não dessa forma. Para mim, tal escolha foi extremamente simples. Se vocês prestaram bem atenção, embora em português Sophia seja escrita com “f”, para mim, é sempre será com “ph”.  Minha sobrinha Sophia, que todos vocês já ouviram falar. 

Quando doei o rim para a minha irmã, não sei por que, em determinado momento, eu disse à minha mãe que, se em algum momento houvesse necessidade de primar por alguém, minha irmã é que deveria ser a prioridade. Afinal, a Sophia precisava da mãe, tal qual eu tive a minha. Eu escolhi a Sophia…

Até a próxima!  
 

Apoio: