“A ExpoBento chegou no limite em tamanho. Agora, só podemos crescer em qualidade”
A ExpoBento 2017 mostrou mais uma vez por que é considerada uma das maiores feiras multissetoriais da América Latina: depois de 11 dias, superou o número de visitantes das edições anteriores, recebendo mais de 226 mil pessoas no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, proporcionando mais de R$ 40 milhões em negócios e provando que pode melhorar a cada ano.
Os resultados foram frutos de significativas mudanças ao longo dos últimos dois anos. Em entrevista ao SERRANOSSA, Laudir Piccoli, presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), entidade promotora da ExpoBento, confessou que teve que quebrar alguns paradigmas dentro da própria entidade. Um dos principais foi unificar as diretorias da entidade e da ExpoBento – nas edições anteriores, eram divididas em duas. “O que havia antes era uma distância entre a diretoria do CIC e da ExpoBento, o que era inaceitável. Era como se uma cidade tivesse dois prefeitos. Hoje, existem diretores que cuidam da feira e, alguns deles, inclusive, fazem parte da diretoria do CIC”, explica Laudir. O diretor-geral da feira foi Roger Bellé, enquanto Piccoli respondeu como presidente.
A integração resultou em novidades para a feira, como os projetos “Mostra Quer Casar Comigo”, “Buona Forchetta” e “Salão Fenavinho”, bem como a mudança no formato dos shows: em vez de serem realizadas no pavilhão E, as atrações ocuparam a praça de alimentação e os ingressos da feira davam acesso a elas.
Confira os principais trechos da entrevista.
SERRANOSSA – A 27ª edição da ExpoBento foi, mais uma vez, um sucesso de público e de negócios. Como vocês avaliam?
Laudir Piccoli – Estamos realmente muito felizes com os resultados. Começamos a feira com um crescimento de 6% na área comercializada e encerramos com recorde de público e de negócios, fruto de um intenso trabalho de toda a diretoria. Foram mais de cem atrações disponibilizadas para toda a família e o feedback tem sido bem recompensador. As mudanças que implementamos, especialmente nos shows, deram muito certo. Em vez de fazer no pavilhão E, apresentamos na praça de alimentação e trouxemos grandes nomes, como Claus e Vanessa, Thedy Correa, espetáculo cirquense, enfim, shows de renome estadual e nacional. O mais importante foi que os visitantes pagaram apenas o valor do ingresso para assistir a esses espetáculos. O fato de ser na praça de alimentação também possibilitou uma maior movimentação nos pavilhões, contemplando o resultado do expositor. Foi um grande diferencial desta edição.
SN – A ExpoBento também apresentou outras novidades, que fizeram muito sucesso, como a mostra “Quer Casar Comigo”, o Buona Forchetta e o Salão Fenavinho. Esses eventos vieram para ficar?
Laudir – Acredito que sim. A “Quer Casar Comigo” foi um grande acerto. O evento fora da ExpoBento talvez não desse certo, mas em parceria com a feira trouxe um público diferente e agregou negócios para os expositores. Já com o Buona Forchetta, a ExpoBento sempre terá um projeto gastronômico para valorizar os sabores locais. A parceria com a Casa Destemperados foi muito positiva e teve uma repercussão, especialmente em nível estadual e até nacional, gigantesca, e proporcionou de forma gratuita aos visitantes aprenderem a fazer os pratos e a provarem esses sabores de grandes nomes. E o Salão Fenavinho foi uma grande e linda homenagem que fizemos à festa, com a exposição dos vestidos, os cartazes, as imagens das edições anteriores, enfim, muito emocionante.
SN – Sabemos que é sempre um desafio fazer uma feira como a ExpoBento, bater às portas para pedir patrocínio e manter uma qualidade que agrade tanto expositores quanto visitantes. Qual é o futuro da feira?
Laudir – A ExpoBento em tamanho chegou no seu limite. Foram 226.151 visitantes. Receber muito mais pessoas que isso é dar um tiro no pé. Não temos estrutura. O que podemos crescer é em qualidade, potencializar a ExpoBento com projetos inteligentes, como o “Quer Casar Comigo” e a “Buona Forchetta”. E vamos continuar fazendo isso sempre, porque temos sempre novas lideranças surgindo, trazendo ideias que agregam. Aliás, esse é o ponto principal da ExpoBento: a formação de novas lideranças na cidade.
SN – A ExpoBento é um evento autossustentável?
Laudir – Sim, a ExpoBento foi projetada para ser viabilizada com ou sem aporte financeiro do Poder Público. Hoje, a feira recebe uma verba da prefeitura, pois mostramos em diversas prestações de contas os retornos que a feira dá para a comunidade. Através desse investimento, é possível ter a área de agroindústria na feira, a área vinícola, atrações culturais, enfim. Além disso, o CIC contribui ao longo de todo o ano com diversas ações, como a revista Panorama Socioeconômico, que é utilizada por diferentes empresas e empresários na tomada de decisões; no auxílio da decoração de Natal e Páscoa do comércio; nas campanhas em prol da segurança, entre outras dezenas de iniciativas. Além disso, a ExpoBento movimenta o comércio. Ao todo, 60% dos expositores são de Bento, que têm prioridade nos estandes e desconto especial, mais de dois mil empregos são gerados durante a feira, todos os prestadores de serviços da feira são contratados daqui, como segurança, limpeza, montadores, decoração, alimentação e sonorização, entre outros, a rede hoteleira fica lotada, o turismo cresce, enfim, o investimento que a prefeitura faz na ExpoBento tem seu retorno garantido.