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A falta de medicamentos no Brasil tem afetado usuários e traz problemas para a economia

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Dois principais fatores agravam a crise: as restrições da China em razão da COVID-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia

Foto: Freepik

A falta de medicamentos nas prateleiras de farmácias públicas e particulares é uma realidade em Bento Gonçalves e diversas cidades do país. Além das farmácias, hospitais e unidades de saúde também são afetadas. A farmacêutica bioquímica, especialista em Farmácia Clínica, Ana Paula Ambrosi Fontoura explica que isso ocorre por dois principais motivos: o Brasil tem dependência da importação de mais de 90% dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), principalmente da China. No caso de aumento nos números de COVID-19 no país asiático, o governo instaura o lockdown, parando cidades inteiras, sendo assim, fechando fábricas e laboratórios. O segundo motivo é a guerra entre Rússia e Ucrânia, o que compromete a cadeia logística das exportações e importações.

Essa “dependência” brasileira de produtos chineses tem a ver com a economia que o país asiático proporcionou. “Nos anos 1990, houve uma queda das proteções tarifárias à importação de produtos. Com isso, os insumos asiáticos começaram a ser ofertados a preços muito baixos e acabaram dominando o mercado”, afirma Ana. No início da produção de vacinas contra a COVID-19, percebeu-se a falta de insumos vindos da China, o que afetou a cadeia de produção e retardou a vacinação dos brasileiros.

Segundo Ana, em uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios, as faltas mais relatadas foram de antibióticos, analgésicos, anti-histamínicos, mucolíticos e até soro fisiológico, e contrastes para exames de imagem. Para reverter a situação, a sociedade farmacêutica tem se organizado para encontrar soluções. “A Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos já entregou para o Ministério da Saúde e Ministério de Ciência e Tecnologia um levantamento das 50 moléculas estratégicas para a saúde pública no Brasil a partir de um recorte do consumo privado de medicamentos, que representa 30% do mercado”, destaca. Com a falta de medicamentos, há a falta de clientes. “O prejuízo desse cenário para o varejo farmacêutico acaba impactando a todos, mas empresas pequenas sofrem muito mais, por muitas vezes não terem uma estrutura de retaguarda para manter o negócio.”

Mesmo sem a quantidade de medicação ideal, a população ainda assim precisa estar medicada, afinal, esses remédios salvam vidas. No quesito substituição, Ana orienta que todos procurem os seus médicos, seja particular ou na unidade básica de saúde. Apenas o profissional poderá fazer a alteração adequada. “Essa interação entre os profissionais da saúde sempre é muito benéfica para os pacientes, ainda mais em momentos como o que estamos vivendo”, salienta a farmacêutica.

Segundo a secretaria de Saúde de Bento Gonçalves, os principais itens faltantes nas prateleiras do SUS são: Amoxicilina suspensão, Amoxicilina 500mg + clavulanato 125mg comprimido, Azitromicina suspensão, Dexclorfeniramina xarope, loratadina xarope, soro fisiológico 500ml injetável, levodopa + carbidopa comprimido – comprados desde o início do ano, mas sem previsão de entrega por parte dos fabricantes. “Os médicos fazem a substituição por medicamentos similares. Não há prejuízo para os pacientes”, diz a nota oficial da prefeitura.

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