A importância de falar sobre o sofrimento emocional e o suicidío
Por
Renata Rigon Cimadon
Alciane M. Rigo
Psicólogas
Há quatro anos começamos a ter contato com o Setembro Amarelo, campanha brasileira de prevenção ao suicídio. Essa ação surgiu de uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
A ideia do Setembro Amarelo é promover eventos que abram espaço para o diálogo sobre o tema como forma de alerta para toda a população, pois, diferente do que muitas pessoas pensam, o silêncio não ajuda. É preciso falar sobre o suicídio de forma responsável e realista para ajudar na prevenção.
Ao longo dos anos, temos percebido o índice de suicídios aumentar. Anualmente, são registrados cerca de 12 mil mortes desse tipo no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. A literatura mostra que a associação entre suicídio e transtornos mentais é de 90% e que entre as causas mais comuns está a depressão, o transtorno bipolar e o abuso de substâncias.
Ainda que os fatores e as motivações do ato suicida sejam difíceis de serem compreendidas, o sofrimento muitas vezes pode ser percebido: desânimo, desamparo e falta de vontade de viver fazem parte do sofrimento das pessoas e requerem cuidados e tratamento.
Quando a pessoa dá sinais de que não deseja mais viver e de que a vida não vale a pena, é urgente a necessidade de ajuda profissional.
O ato suicida não é desencadeado por um fator isolado, mas por uma somatória de eventos. Por exemplo: uma pessoa não tira a própria vida “só” porque perdeu o emprego ou porque se separou, mas por vários sofrimentos que aconteceram na sua história. É como um copo de água que vai enchendo. A última gota é o que faz transbordar, mas o copo não transborda só por causa dessa última gota.
Fique atento às pessoas ao seu redor, quando elas demonstram que pensam em “sumir”, “desaparecer” ou “morrer” é porque realmente estão passando por um sofrimento interno muito grande. Nesse momento é importante dar apoio, buscar ajuda e não julgar. Afinal, a dor emocional não tem hora nem lugar e pode atingir qualquer pessoa.