Em uma sala escura, iluminada apenas com lâmpadas especiais, os olhos de quatro crianças brilhavam à espera da imagem que seria revelada em um papel de fotografia. A expectativa era ver o registro que o pai havia capturado com seus equipamentos “modernos” em um casamento realizado naquele final de semana, há três décadas. Os sonhos e realizações de milhares de pessoas passaram pelas lentes do fotógrafo Leopoldo Tonon, que, além de admirado pelos clientes, encantava os filhos Analice, Silvia, Henrique e Carla. Hoje, as lembranças de uma vida dedicada à fotografia são as propulsoras do trabalho e da vida daqueles olhinhos curiosos.
Leopoldo, que nasceu em São Valentim do Sul, onde conheceu sua esposa, Armida, não atua mais como fotógrafo profissional, embora constantemente seja “convocado” para registrar alguns momentos na família e na sociedade. Mas sua trajetória profissional é lembrada, principalmente, pelas filhas Silvia e Carla. Fotógrafas apaixonadas, elas se inspiraram nas histórias do pai para serem referências no que fazem. “Eu lembro que sempre queria ir nos casamentos com meu pai. Colocava um vestido colorido, pegava um ramo de flores e o acompanhava. Inclusive, pedia para tirar foto com a noiva”, conta Silvia, aos risos. “O mais legal é que hoje em dia fotografo os casamentos dos filhos de alguns desses casais. É muito bacana!”, comenta.
Outra lembrança muito presente era a ansiedade em ver os registros. “Eu ficava ao lado dele, com a pinça em mãos e os olhos fixos nas bandejas de revelação. O momento em que a foto aparecia no papel, com os tons de cinzas e contrastes corretos, era simplesmente mágico para mim e para os meus irmãos”, descreve a filha, que também acompanhava eventos como primeira eucaristia, crisma e batizados. “Sempre estávamos em família, os seis! Aprendemos desde muito cedo que precisávamos ter paciência para participar disso e que tudo tinha sua hora. Aliás, meu pai e minha mãe sempre nos incentivaram a estudar e a termos respeito e responsabilidade”, comenta. Analice e Henrique, a primogênita e o caçula, respectivamente, seguiram outros passos profissionais – ela é corretora de imóveis e ele, matemático – mas acompanharam e também aprenderam o ofício do pai.
Dicas de quem entende
De acordo com Silvia, até hoje os ensinamentos repassados pelo pai ecoam na vida das fotógrafas. “Ele dizia: casamento é somente naquele momento, não volta mais, é único, exclusivo. Então, é importante a gente procurar fazer o melhor trabalho possível, garantir que, principalmente, a noiva fique linda e que não faltem as fotos clássicas”, conta. “Uma boa dose de amor em tudo que fizermos também foi uma das coisas que nosso pai nos ensinou, seja vida pessoal, profissional ou espiritual”, completa.
Atualmente, os Tonon tentam conciliar o trabalho nos finais de semana com a vida em família. A alegria de Leopoldo é estar ao lado das netas Maria Clara, de 10 anos, Iara Lis, de 3 anos e 6 meses, e Bernardo, de 2 anos e 8 meses. “A relação deles é muito legal. Ele senta no chão, entra na brincadeira deles, faz todas as vontades, é muito coruja. Acho que brinca e aproveita muito mais do que aproveitava conosco”, confidencia.
Neste Dia dos Pais, Silvia, a mãe, os irmãos e os sobrinhos querem passar ao lado da pessoa que mais os incentivou em tudo na vida. E a comemoração será dupla: Leopoldo completa 71 anos neste sábado, dia 9. “Nada do que falarmos será o suficiente. Acho que ser um bom pai requer uma dedicação e um esforço constante e exclusivo. Todos os ‘muito obrigado’ e o ‘sentimos muito orgulho de ti’ não são suficientes, mas acho que devem sempre ser ditos”, emociona-se Silvia. “Pai, tu és um exemplo de vida, de coragem, de dedicação, de família e responsabilidade. Muito obrigada por tudo: pela vida, pela família, pelo carinho, pelo sorriso, pelas caronas, pelo colo, pelos ensinamentos, pelos ‘nãos’, pelas broncas, pelas palavras, pelos olhos de fé e verdade. Nós te amamos muito”, declara-se, Silvia, em nome de todos os filhos de Leopoldo.
Reportagem: Raquel Konrad
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