A mobilização que garante acessibilidade

Na tarde da quinta-feira, dia 27, a exatamente uma semana de receber a cadeira de rodas motorizada aguardada há um ano, o estudante Matheus Massaroli, de 13 anos, e o amigo Rovian De Melo Lanis, 14, cumpriam uma “tarefa” na biblioteca da Escola Estadual Landell de Moura. “A gente veio para cá porque estava cantando pagode e batucando a lixeira”, admite Rovian, sorrindo. Matheus cai na gargalhada.

Sem as duas pernas e o braço direito – decorrentes de uma má-formação congênita –, o garoto recebeu a cadeira na última quinta-feira, dia 3, no auditório da escola. O presente, de R$ 8 mil, só foi possível através de uma ação conjunta entre a comunidade escolar, o Lions Clube Cidade do Vinho e o Lions Clube Fêmina Integração. 

Matheus e Rovian são a imagem tradicional de melhores amigos dentro e fora da escola. Colecionam histórias engraçadas, os mesmos gostos e opiniões. O fato de Matheus ter necessidades especiais não o impede de ser um garoto feliz. Pelo contrário: ele é muito popular na escola. Os colegas o ajudam com prazer. “Aprendi muita coisa com o Matheus. Antes eu nunca havia pensado em como a saúde é importante e como eu reclamava de bobagens. Ele é uma lição de vida para todos”, observa Rovian.

Matheus mora na linha Veríssimo de Matos, no distrito de Faria Lemos. Todos os dias, o irmão mais velho o ajuda a entrar no ônibus escolar, já que não há acesso para a cadeira de rodas. Mas, para ele, isso não é um problema. Apaixonado por skate e futsal – ele atua como zagueiro –, Matheus garante que nunca sofreu preconceito. Ele reconhece nos pais características que o influenciaram a ser autoconfiante em relação à sua imagem. “Meu pai sempre fez as minhas vontades e a minha mãe me ensinou desde cedo a me virar sozinho. Só tenho a agradecer. Hoje, o que me inspira sou eu mesmo. Quando passo pela rua e vejo gente com problemas como os meus pedindo esmola, eu penso: ‘o que leva uma pessoa a fazer isso?’”, conta.

O adolescente utiliza o skate para se locomover com mais rapidez dentro da escola. Agora, de cadeira nova, se deslocar sozinho deve ficar mais fácil. Vai sobrar mais disposição para jogar videogame e desenhar, área que ele já elegeu como profissão para um futuro não tão distante. 


Iniciativa

A busca pela doação iniciou durante o período de Páscoa, no ano passado. A professora Jania Maria Glanert, coordenadora do “Projeto Mais Educação” na Escola Landell, uniu esforços para mobilizar toda comunidade escolar em torno do debate sobre acessibilidade. “Refletimos sobre o futuro do Matheus. Ele não vai ficar para sempre na escola. Uma hora ele terá que sair de casa sozinho e, nesse momento, não haverá ninguém para empurrar a sua cadeira. Toda a escola abraçou a ideia e fomos à luta”, recorda. O resultado foi o apoio do Rotary Clube de Bento Gonçalves, Lions Clube Cidade do Vinho e Lions Clube Fêmina Integração. 

Reportagem: Priscila Boeira


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