“A nossa luta é contra os outros”, afirma Benincá

O Mega Fight 10.0, realizado na noite do último sábado, dia 21, no Ginásio Municipal, levantou o público de aproximadamente 2.300 pessoas, com combates contagiantes de muay thai e MMA. No entanto, acabou marcado por uma luta que não aconteceu

O bicampeão mundial Jussemar Noskoski e o campeão pan-americano Estevão Benincá, ambos moradores de Bento Gonçalves e atletas da Garra Team, confirmaram o favoritismo no GP de Muay Thai – Até 81kg, passaram pelas quartas de final e pelas semifinais e alcançaram a luta derradeira. Quando o locutor chamou o primeiro lutador ao octógono, contudo, ambos surpreenderam ao entrar juntos com a bandeira da equipe. Na sequência, foi anunciado que eles não lutariam e, por conseguinte, dividiriam o prêmio de R$ 5 mil (cada um levou R$ 2.500), bem como o cinturão estadual da categoria.

O presidente da Garra Team, Eduardo Virissimo, explica que a decisão foi tomada em conjunto pela equipe e fundamentada nos princípios que a norteiam. “Temos como base, primeiro, os nossos princípios de irmandade, e, depois, a regra. O que fugiu da regra, nesse caso, foi alguém não ter declarado o outro como campeão, porque vale o cinturão da federação, o protocolo é esse. Mas, sobre abrir mão da luta por serem atletas da mesma academia, é algo que acontece direto. Foi uma atitude tomada em conjunto, por um time que busca o ideal, e o ideal era o título para Bento Gonçalves e para a Garra Team. Na preparação, nós sentávamos para rezar depois de cada treinamento e dizíamos que o bom seria que um deles vencesse, mas o ideal seria que os dois fossem campeões e que o título ficasse na cidade, na Garra”, afirma.

Em outubro, no Rio de Janeiro, Noskoski e Benincá passaram por situação semelhante, na final do Pan-Americano. Naquela ocasião, porém, não tiveram outra alternativa senão lutar, em combate que acabou vencido por Benincá, por decisão dividida. “Quando vale vaga para um campeonato subsequente, no caso, o Mundial, eles têm que lutar, porque os juízes podem interpretar que está havendo falta de combatividade e ambos correriam o risco de ser desclassificados”, explica Virissimo.

Os lutadores reforçam convicção na decisão e enfatizam que manterão a postura sempre que for possível compartilhar a conquista com um membro da equipe, independentemente de quem seja. “Eu e o Estevão treinamos juntos, nos consideramos irmãos. Você lutaria com um irmão em uma final? Como é que dois irmãos vão se bater? Querendo ou não, quando você entra lá, não dá para fazer uma simulação de luta, é guerra até o final. Não importa quem fosse, da nossa academia, nós não lutaríamos”, salienta Noskoski. “São todos irmãos, a gente é uma família. Com qualquer um que estivesse ali, da Garra, não haveria luta. A nossa luta é contra os outros, não contra nós mesmos”, complementa Benincá.

A dupla precisará chegar a um consenso, agora, sobre o dono do cinturão. Virissimo sugeriu, em conjunto com Noskoski, dá-lo para Benincá, que possui menos cinturões que o colega. Benincá já adiantou, no entanto, que não pretende guardá-lo sozinho. “Na minha ideia, ficaria na academia. O cinturão não é meu, nem do Jussemar, mas, sim, da nossa equipe. Nós trabalhamos juntos para chegar onde chegamos. A equipe é forte porque é unida, um defende o outro. Se precisar levar nas costas, levamos, porque foi isso que o mestre (Eduardo Virissimo) passou para nós. Pretendemos chegar ainda mais longe, mas sempre dessa maneira”, frisa o lutador.

 

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