A pandemia segue matando as empresas!


 

Como anda a saúde da sua empresa? Boa? Daquele jeito? Ou talvez respirando com a ajuda de aparelhos? Os efeitos devastadores da crise causada pela Covid-19, além de cruelmente ceifar quase quinhentas mil vidas brasileiras, também estão matando centenas, senão milhares, de micro e pequenas empresas, dos mais variados setores. E a constatação mais triste: essa espiral descendente parece não ter fim, pois, ao se observar o mercado, principalmente o cotidiano de várias empresas, em diversas cidades gaúchas, podemos notar, sem muito esforço, que os efeitos negativos e nefastos da pandemia ainda assolam nosso comércio e determinados setores da cadeia produtiva. 

Uma prova disso é o recente levantamento de dados realizado pelo Serasa/Experian, que apontou, no último mês de maio, um forte crescimento do número de pedidos de falência e de recuperações judiciais, dados estes que impactaram de forma mais incisiva nas micro e pequenas empresas do setor de serviços. 

Mas qual a diferença entre falência e recuperação judicial? Na prática, a falência é a morte da empresa. Durante o processo falimentar, é realizado um levantamento de todas as dívidas e, posteriormente, a venda de seus bens para pagar os credores. Já a recuperação judicial é um processo pelo qual a empresa – economicamente viável, mas em crise – pede ajuda à Justiça para superar a situação de crise, mantendo suas atividades, os empregos dos funcionários, a circulação de bens e serviços, pagamento de impostos, etc. 

Para se ter uma ideia, no mês passado, 92 empresas no Brasil buscaram socorro por meio da recuperação judicial, um crescimento de saltar os olhos, num percentual de 48,4%, comparado ao mês de abril, que registrou 62 pedidos. Enquanto isso, os pedidos de falência chegaram a 103 em maio contra 65 em abril. 


 

A gravidade da situação fica ainda mais evidente quando constatamos que 60 dos 92 pedidos de recuperação judicial eram de micro e pequenas empresas. Do outro lado, foram 24 empresas de porte médio e apenas 8 grandes empresas que buscaram socorro na Justiça. E a sangria continua na análise dos números dos pedidos de falência, entre os quais estavam 70 micro e pequenas empresas, 12 médias e 21 de grande porte.

E, a partir de agora, cabe uma reflexão: além da pandemia, o que está fazendo os negócios irem à bancarrota e o que está matando nossas empresas? Os fatores são diversos, pois fica claro que nem mesmo as flexibilizações por parte dos governos e instituições financeiras trouxeram melhorias para a geração de caixa das empresas, ou seja, não se vislumbra uma ajuda eficaz no horizonte. 

Desde que a pandemia começou, há 15 meses, as dívidas seguem se acumulando, seja por deficiência de geração de caixa para enfrentar esse período de dificuldade, ausência de planejamento financeiro, inexistência de boas garantias para oferecer aos bancos em troca de um financiamento, seguidos atos de má gestão na condução dos caminhos da empresa. 

Para se ter uma ideia de como a ausência de boas práticas de gestão impacta nos negócios, o Sebrae tinha uma estimativa de que mais da metade das micro e pequenas empresas que já buscaram crédito no sistema financeiro desde o início da crise do coronavírus teve o pedido negado, por motivos variados. 

Além disso, o Sebrae também alertou para o pouco ou total desconhecimento dos empresários sobre quais medidas poderiam ser adotadas para preservar empregos ou conseguir uma linha de crédito.  Vou dar um exemplo prático: para a empresa conseguir uma linha de crédito via PRONAMPE, fica a critério da instituição financeira conceder ou não o empréstimo, e a recomendação é a de que o empresário que estiver negativado procure regularizar a pendência antes da solicitação do empréstimo à instituição financeira. 

O chapéu serviu? Vamos a outro exemplo prático: sabia que até 30 de junho está valendo a Medida Provisória nº 1.028/2021, que dispensa instituições financeiras públicas e privadas de exigirem em contratação e renegociação de operações crédito por empresas comprovações como certidão negativa de débitos trabalhistas e de dívida ativa da União, apresentação de Certidão Negativa de Débito (CND), consulta prévia ao Cadin, entre outros? Lembrando também que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) está negociando tributos inscritos em dívida ativa da União vencidos no período de março a dezembro de 2020 e não pagos em decorrência da pandemia.  

Para sair dessa crise, além da vacinação da população, que gradativamente fará a economia voltar ao patamar pré-pandemia, as médias, micro e pequenas empresas devem ter em mente que boas práticas de gestão dos negócios, além de muita criatividade focada no crescimento, com responsabilidade fiscal e financeira, são os aliados-chave para a retomada dos bons negócios.
 

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