Aos dois anos, Samantha de Almeida Ribeiro, a Sami, cantarolava dia e noite no chuveiro e pelos corredores de casa. Pegava seu microfone imaginário e fazia seu show para o pai e para a mãe, mesmo sem nem saber pronunciar as palavras direito. Com tão pouca idade, ela já manifestava talento, carisma e a imensa vontade de encantar.
O que poucos sabem é que a força de vontade de Sami manifestou-se desde que ela nasceu. Filha de Samoel Sulzbacher Ribeiro e de Eliane de Almeida, Sami passou nove dias internada no hospital logo após seu nascimento. “O pulmão dela não nasceu completamente formado. Não pude pegar a Sami nos braços até o terceiro dia e tudo era muito delicado. Lembro que no primeiro dia depois do nascimento dela, o médico plantonista disse que quase a havia perdido na noite anterior. Meu chão quase caiu. Mas, graças a Deus, ela foi muito forte e muito bem cuidada e superou essa”, lembra a mãe.
Moradora do bairro Zatt, a família desde cedo lutou para oferecer o melhor para Sami. Quando ela tinha seis anos, um amigo da família chamou atenção dos pais para o talento da pequena. “Ele me disse que ela tinha uma voz diferente, um talento especial para a música e sugeriu colocá-la em uma escola especializada”, conta a mãe. No entanto, a sugestão só foi aceita quando Sami completou 10 anos e manifestou sua vontade de aprender a cantar melhor.
Após um ano frequentando aulas de canto, no entanto, a pequena não apresentava muita evolução. Preocupado, outro amigo da família sugeriu levá-la a uma fonoaudióloga e foi então que descobriram que ela tinha nódulos nas cordas vocais. “O diagnóstico foi confirmado com exames médicos e a causa principal é que ela não aquecia a voz e não fazia os exercícios direito. Ela teve que ficar dois meses sem cantar e fazer treinamentos vocais diariamente ”, conta a mãe.
O grande retorno
Um ano depois, Sami estava pronta e recuperada para finalmente estrear pela primeira vez como cantora profissional. Sua família organizou uma apresentação no auditório do Sesc, intitulada “Sami Voz e Violão” e o resultado não poderia ter sido melhor: casa cheia e um show que encantou a todos. “Foi lindo, porque toda minha família e amigos estavam ali me assistindo. O momento mais emocionante foi quando cantei a música que minha avó materna cantava pra mim, ‘Como é grande o meu amor por você’, do Roberto Carlos”, comenta a cantora.
O show só deu impulso para Sami querer cantar ainda mais. Ela passou a se apresentar em diversos locais na cidade e alguns pedidos dela passaram a surpreender sua família. Sabendo da história do seu nascimento, a pequena cantora quis conhecer os profissionais que a atenderam no hospital. “Ela fez questão de ir até o Tacchini abraçar todo mundo. Quando chegamos lá, cantou para as crianças que estavam internadas emocionando todo mundo”, conta Eliane. “Teve um momento que o batimento de uma criança começou a acelerar enquanto eu estava cantando e isso me fez chorar muito”, revela a pequena artista.
Outro momento especial da família foi quando Sami cantou na Apae. “Tenho um amigo que tem síndrome de Down e ele é muito especial para nós. Então quis ir conhecer mais amigos dele. Foi uma apresentação muito legal na Apae”, conta. Em outra ocasião, Sami cantou no Lar do Ancião e em diversos eventos em prol de entidades beneficentes.
SHOWS COM ARTISTAS
Entre os momentos especiais na curta carreira da cantora estão participações de shows com cantores que ela sempre admirou, como Tati Portela, em três oportunidades – no Bangalô, na ExpoBento e na Fenachamp – e também com o artista local Johnny Grace, que interpreta Elvis Presley. Neste último, ela encantou a plateia na Casa das Artes em um dia de lotação esgotada e acabou sendo contemplada com curso de inglês gratuito para ajudar na sua carreira musical.
Talentosa, querida, empática, Sami tem conquistado a comunidade. O sonho dela é seguir ajudando as pessoas e, com seu talento e amor pela música, conseguir viver do que mais ama fazer: cantar e encantar.
Esta é a 124ª reportagem da Série “Vida de…”, uma das ações de comemoração aos 10 anos do SERRANOSSA e que tem como objetivo contar histórias de pessoas comuns, mostrando suas alegrias, dificuldades, desafios e superações e, através de seus relatos, incentivar o respeito.