AAECO denuncia destruição de área verde para abertura de rua no Universitário

Obra está sendo realizada pela prefeitura para ligação das ruas Amândio Dalcin e Paulo Pasquetti. “Era um pedido antigo de moradores”, afirma secretaria de Viação e Obras Públicas

Foto: Divulgação/AAECO

A Associação Ativista Ecológica (AAECO), após recebimento de denúncias, veio a público se manifestar contra a destruição de uma área verde para a abertura de uma rua pela prefeitura de Bento Gonçalves. A obra, conforme a prefeitura, irá ligar as ruas Amândio Dalcin e Paulo Pasquetti, no bairro Universitário, e se trata de “um pedido antigo de moradores”. No momento, de acordo com a secretaria de Viação e Obras Públicas, uma equipe contratada trabalha na execução de serviços de patrolamento, nivelamento do solo e drenagem.

Entretanto, conforme o secretário-geral da AAECO, Gilnei Rigotto, os próprios moradores têm denunciado a destruição da área para a abertura da via que, em sua visão, trata-se de uma obra desnecessária. “É um escândalo e uma brutalidade com as árvores. O secretário de Meio Ambiente [Claudiomiro Dias] não entende nada e diz ‘amém’ para tudo”, desabafa. Conforme Gilnei, a maioria das árvores cortadas eram nativas e o local era lar de uma série de espécies. “No local havia ecossistemas inteiros funcionando, com árvores, pássaros e mamíferos. A AAECO não é contra o progresso, mas isso era desnecessário. Destruir toda essa área para a abertura de 50 metros de rua”, continua.

A associação destaca que a crítica é direcionada à abertura da rua no sentido Oeste para Leste, a qual não teria relevância para os moradores. “Somos favoráveis à abertura de uma das ruas, de Norte a Sul. Mas essa outra via não precisaria ser aberta porque os moradores têm abertura no sentido Norte”, explica Gilnei.

Flechas azuis indicam a via que os moradores solicitavam. Já as flechas verdes mostram o trecho criticado pela associação. Créditos: Günther Schïoler/Grupo RSCOM

Ainda conforme o secretário-geral, após o início das obras, no dia 11/01, moradores relataram que crianças choraram ao ver o local onde brincavam ser destruído. “Se teve um ou outro morador que quis abrir essa rua, são pessoas que não saem de dentro de seus carros. Abrem as janelas e jogam seus lixos na área verde”, lamenta. “Na Europa desviam viaduto por causa de meia dúzia de árvores. Aqui destroem dezenas para um trecho tão curto que não servirá para nada”, finaliza.

Conforme a prefeitura, a obra está amparada por licenciamento ambiental. Após a conclusão da abertura da via, será realizada licitação para pavimentação basáltica e passeio público. “É uma melhoria que vai garantir maior acessibilidade e condições adequadas para o trânsito de veículos, bem como de pedestres”, comenta o secretário de Viação e Obras Públicas, Carlos Quadros.

Sobre a compensação ambiental pelo corte de dois exemplares de araucária, a prefeitura afirma que serão plantadas 30 mudas do mesmo exemplar, “conforme legislação vigente”. “Não é exigida compensação ambiental pela supressão da vegetação secundária em estágio inicial, em conformidade com o artigo 4º da Instrução normativa SEMA nº 01/2018”, explica a administração pública. “Nossos técnicos agem dentro da legislação e com muita seriedade e respeito ao meio ambiente. A área é do município e foi feita toda verificação antes de ser emitido o laudo ambiental”, destaca o secretário do Meio Ambiente, Claudiomiro Dias.