AAECO entrega propostas ligadas ao meio ambiente a candidatos a prefeito de Bento

A Associação Ativista Ecológica (AAECO) atua há 14 anos em prol do desenvolvimento sustentável de Bento Gonçalves. A ONG trabalha com foco na orientação ambiental, com o recebimento de denúncias e demandas e encaminhamento aos órgãos competentes. Além disso, recebe aparelhos eletrônicos para realização do descarte correto, fiscaliza as ações da comunidade e do poder público e reivindica mudanças positivas ao meio ambiente. 

Idealizada pelo ecologista Gilnei Rigotto, hoje secretário-geral, e tendo como presidente o professor Willian Lando Czeikoski, a AAECO vem contatando os candidatos à prefeitura do município desde sua fundação. Neste ano, a ONG enviou dez propostas para o desenvolvimento sustentável do município aos nove concorrentes. Confira:


 

1 – Cumprimento do contrato firmado com a CORSAN para término da obra de Estação De Tratamento De Esgoto do Barracão e conclusão das demais contidas no Projeto Original

O secretário-geral Gilnei Rigotto explica que o objetivo é agilizar o início do funcionamento da Estação, que já está praticamente concluída. “O importante é que ela seja ativada o quanto antes, porque 23% da água que sai do Barracão vem para as nossas torneiras. Pelo que sabemos, está 95% pronto, falta apenas 5%. Então o prefeito eleito deverá ter poder político para ir atrás disso”, explica. A solicitação também inclui a construção das demais estações previstas no projeto da Corsan, contemplando outros pontos da cidade. 

2- Plano de mapeamento e proteção de nascentes e áreas verdes de propriedade do município em parcerias com entidades afins

“Já tentamos em outras administrações, mas não tivemos sucesso”, desabafa o ecologista. Para Gilnei, o projeto de proteção das áreas verdes e nascentes do município deve contemplar dois pontos fundamentais: o cercamento e o trabalho de conscientização. “Não basta apenas cercar. O presidente do bairro, que conhece melhor as pessoas e entende a realidade de cada local, deveria se juntar com os órgãos municipais para decidir qual o melhor caminho. Se é melhor cercar, se é uma área institucional e dá para fazer algo para a comunidade, ou se é um agregado, tendo a área de preservação e a área institucional, que dá para fazer os dois”, esclarece Gilnei. 

Com esse plano, o ecologista argumenta que pode ser evitado o desmatamento dos locais e a invasão de famílias para construção de edificações.

3 – Georreferenciamento do município

Complementando o tópico 2, a AAECO sugere aos candidatos que seja elaborado um mapeamento de todo o município, a fim de se ter um controle mais eficaz de todas as áreas. “Isso auxilia na preservação das áreas verdes e nascentes e, ainda, ajuda na cobrança do IPTU”, explica. 

De acordo com o IPURB, o município já iniciou o processo de criação desse georreferenciamento e deverá ser concluído ainda na gestão atual. “De qualquer forma, continuaremos pressionando até que seja posto em prática”, afirma. 

4 – Estudo de viabilidade de implantação de Horto Municipal

Atualmente, a ONG argumenta que Bento paga muito caro para a aquisição de mudas para plantio, as quais poderiam ser cultivadas em um terreno próprio do município. “Acompanhando a mídia nacional e estadual, vi que há várias cidades do país que possuem um Horto e funciona muito bem. Então sugerimos a elaboração de um estudo sério para criação desse espaço, que poderia contar com parcerias como a UCS, a Embrapa, o IFRS e a Emater, por exemplo”, comenta.

Antigamente, conforme Gilnei, Bento tinha um Horto Florestal, o qual possibilitava, inclusive, a distribuição de produtos para as escolas municipais. “Era muito bacana. Então eu entendo que poderia se pegar uma área institucional do município para se transformar em Horto. Seria de utilidade pública”, explica. 

5- Ampliação da coleta mecanizada readequando a dimensão dos contêineres

Reinvindicação antiga da AAECO, a coleta mecanizada foi instituída em maio deste ano em Bento Gonçalves. Entretanto, a associação afirma que o tamanho dos contêineres precisa ser readequado para otimizar o serviço. “Colocaram o coletor maior para o lixo orgânico e o menor para o reciclável. Deveria ter sido feito ao contrário. Porque sempre tem cerca de 20% da capacidade do coletor no orgânico, enquanto no reciclável está sempre cheio. Com isso, as pessoas começaram a colocar no chão”, relata. Como solução, a prefeitura instalou dois coletores para o lixo reciclável. 

A ONG também solicita a ampliação da coleta automatizada para outros bairros, a fim de resolver “o problema crônico da reclamação da separação de lixo”. “Hoje temos datas específicas para a coleta do lixo reciclável e orgânico. Mas ninguém quer ficar com o lixo dentro de casa. Com o coletor, a pessoa não precisa esperar os dias certos. Encheu o lixo dentro de casa, vai lá no coletor e coloca. Atualmente, algumas pessoas acabam misturando os resíduos para não precisar deixar dentro de casa”, argumenta Gilnei. 


Secretário-geral da AAECO, Gilnei Rigotto
 

6 – Inventário da arborização urbana das calçadas e posterior projeto ordenado de plantios

A ideia seria a criação de um mapeamento de todas as árvores do município. “Assim a gente conseguiria saber qual área está precisando mais, quais espécies de plantas devem ser plantadas, quais foram plantadas equivocadamente… aí é possível regrar tudo isso e fazer um planejamento legal, bairro por bairro”, comenta o ecologista. 

7- Criação do Departamento De Resíduos na Secretaria Do Meio Ambiente com servidor com conhecimento na área ambiental

O setor seria responsável por pesquisas e ações voltadas aos diferentes tipos de resíduos existentes atualmente no município. “Hoje temos pelo menos 10 tipos de lixo: reciclável, orgânico, eletrônico, lixo da construção civil, lixo hospitalar, remédios, raio-x, óleo de cozinha, lixo de postos, de prestadoras de serviços… O isopor, por exemplo, é um problema que já existe uma solução. Colocando um triturados nas reciclagens, reduziria o volume do material. Porque hoje é preciso ter um espaço muito grande para armazenar, então se gasta muito e se ganha pouco para vender. Então é questão de organização, de ter alguém com tempo hábil e que entenda do assunto para ir atrás das soluções”, comenta. 

8- Fiscalização para cumprimento da Lei 12.305 Art. 33 da Logística Reversa

A Lei 12.305, artigo 33, prevê que os materiais eletrônicos, pilhas, baterias, lâmpadas e outros produtos químicos retornem, após seu uso, ao local onde foram adquiridos pelo consumidor. Entretanto, na opinião da AAECO, as próprias empresas não aceitam o retorno dos produtos mais antigos e não há punição para quem não cumpra a lei. “Nós reinvidicamos a criação de uma lei municipal que contempla a punição. Mas não há fiscalização. A AAECO acaba sendo uma alternativa para uma lei que não funciona na sua totalidade. Então a ideia é que seja cobrado que os lojistas aceitem os produtos, pelo menos os mais modernos, por meio de uma fiscalização em parceria com as entidades locais. Aí, um dia, a ONG vai deixar de fazer isso [receber os eletrônicos]”, explica Gilnei. 

9 – Apoio técnico e estudo de reestruturação das Associações de Recicladores do Município

De acordo com a ONG, as associações precisam passar por uma reestruturação para garantir a eficiência do serviço de reciclagem em Bento Gonçalves. A ideia é que, se fosse criado o Departamento de Resíduos na secretaria do Meio Ambiente, fosse possível colocar um responsável à disposição para ir até cada uma das associações para um trabalho de instrução.

10 – Escolha de Secretário Do Meio Ambiente que tenha conhecimento comprovado na área ambiental

Na visão da AAECO, um secretário formado na área ambiental ou com conhecimento comprovado é um dos critérios mínimos para se garantir um desenvolvimento sustentável do município. “Se ele é político e não entende de meio ambiente, quem não me diz que o técnico vai até lá e libera um terreno, uma área, um licenciamento ambiental inadequadamente? Então ele vai lá, assina e deu. Às vezes sem intenção ou por falta de conhecimento”, reitera. 


 

A AAECO está localizada na rua Livramento, número 48, bairro Juventude. Mais informações pelos telefones (54) 99105.9514 ou (54) 99986.8041 (WhatsApp). 

Fotos: Eduarda Bucco