AAECO solicita construção de passagem de animais na BR-470

O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), vinculado à Secretaria de Logística e Transportes, iniciou na quarta-feira passada, 04/11, a construção de seis passagens de fauna na ERS-486, na Rota do Sol, em Itati. As estruturas subterrâneas estão sendo implantadas no trecho da Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa. A novidade trouxe à tona uma demanda antiga da Associação Ativista Ecológica (AAECO), de Bento Gonçalves. De acordo com o secretário-geral da ONG, Gilnei Rigotto, o km 211 da BR-470, em São Valentim, é considerado um dos mais críticos em relação ao atropelamento de animais. “Eu passo todos os dias por aí e constato atropelamentos com frequência. Isso porque, provavelmente, os animais utilizam os corredores ecológicos. Por ali há uma dimensão muito grande de mata onde não tem casas ou outras construções, então eles seguem sempre pelo caminho mais distante, sem interferência humana”, explica. 

De acordo com dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), estima-se que 15 animais morram a cada segundo nas estradas brasileiras. Diariamente, o dado passa de 1,3 milhões. O atropelômetro, iniciativa do Centro que estima, em tempo real, o número de vertebrados terrestres silvestres mortos por atropelamento nas rodovias do país aponta que, até o fechamento desta edição, mais de 402 milhões de animais já haviam morrido neste ano, vítimas de atropelamento. A maioria das espécies é representada por pequenos vertebrados (90%), seguido de vertebrados de médio porte (9%) e vertebrados de grande porte (1%). O Sudestre do Brasil, conforme a CBEE, é a região onde mais são constatados atropelamentos de animais. 

Diante desse panorama, a AAECO encaminhou, ainda na semana passada, uma solicitação ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para que seja instalado um túnel ou outro sistema de tráfego de animais silvestres, próximo ao km 211 da BR-470. “Já houve mortandade das espécies tamanduá mirim, jaguatiricas, graxaim (cachorro do mato) gatos mourisco, preás, iraras, entre outras, algumas ameaçadas de extinção”, comenta Gilnei. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o estudo “Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção”, o qual constata que a maior parte da fauna e flora brasileira em risco de extinção está concentrada na Mata Atlântica. Atualmente, o bioma tem 1.989 espécies de animais e plantas ameaçadas.


Foto: Fernanda D. Abra

“A princípio um túnel seria mais ideal, mas se eles tiverem outra alternativa mais viável, estamos abertos. Tem outros tipos de passagens, como aquelas passarelas com gradeamento. Por isso é necessário um estudo de viabilidade do local para entender qual a melhor solução”, comenta. Na solicitação, a ONG sugere que, sendo inviável a construção imediata do túnel, o órgão estude a possibilidade de implantação de redutores de velocidade e placas de advertência. “Há em algumas estradas placas com dizeres ‘Cuidado, animais na pista’, junto à imagem de um cervo. Mas isso não chama a atenção. É preciso colocar placas como as últimas instaladas pelo DAER na Rota do Sol, até a construção da passagem”, complementa o ecologista. 

Ainda conforme Gilnei, os animais passariam com facilidade pelo túnel, tendo em vista seu extinto por procurar locais mais seguros e de fácil acesso. Entretanto, ele propõe, ainda, uma parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) para a instalação de sensores fotográficos, a fim de controlar se o túnel estará sendo, propriamente, utilizado pelos animais. 

Em caso de atropelamento nas estradas, quando o animal ainda estiver vivo, a AAECO recomenda que o motorista sinalize o local e entre em contato ou com a Patram regional, pelo telefone (54) 3215-5531, ou com a Associação Regional de Proteção Animal (ARPA), pelo celular (54) 99978-4715.

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