Acordar tarde afeta o metabolismo? Entenda

Andressa Heimbecher 
Soares – Endocrinologia e Metabologia 
CRM 123579/SP

Cada pessoa tem seu ritmo de sono. Enquanto uns gostam de acordar bem cedinho, outros preferem dormir até mais tarde. Esse padrão de comportamento individual com relação ao sono é o que chamamos de cronotipo.

Nos últimos anos pesquisas têm sido desenvolvidas com a ideia de que o padrão do nosso sono pode afetar o risco de desenvolvimento de doenças metabólicas como diabetes tipo 2 e obesidade, ou ainda contribuir para a perda de massa muscular.

Os pesquisadores da Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos, estudaram adolescentes e adultos que iam para a cama mais tarde e, consequentemente, também acordam mais tarde. Os resultados mostraram que comparados com os madrugadores, os corujinhas tinham maiores chances de ganho de peso.

As pesquisas convergem para o entendimento de que pessoas com o cronotipo vespertino – ou seja, que dormem até mais tarde – tem maiores chances de desenvolver diabetes tipo 2, por exemplo. Por outro lado, é como se os madrugadores tivessem o ciclo hormonal mais adaptado e de certa forma mais ajustado para responder às oscilações dos níveis de açúcar e do hormônio cortisol, que é o nosso hormônio do estresse.

Sabe-se, por exemplo, que o cortisol é liberado assim que despertamos, e que teoricamente se você acorda cedo, sua liberação de cortisol poderia ocorrer de forma mais harmônica ao longo do dia – e ajudaria a controlar os níveis de açúcar e regular o metabolismo mais facilmente.

Já para quem acorda mais tarde, a liberação de cortisol ocorre no meio do dia, fazendo com que os níveis de cortisol permaneçam elevados por períodos maiores. E justamente este desbalanço relativo na liberação do cortisol e outros hormônios, como a melatonina, poderiam explicar este risco mais elevado de doenças metabólicas.

Como reverter esse risco?
O primeiro passo é buscar dormir mais cedo, caso você seja um corujinha. Mas a qualidade do sono também é crucial. Evite cafeína, nicotina e álcool antes de deitar. Apesar de aparentemente a sensação de relaxamento surgir depois de fazer uso destas substâncias, sabemos que a qualidade do sono é melhor quando as evitamos.

Além disso, é importante estar atento aos alimentos consumidos, proteínas magras, legumes e verduras oferecem energia equilibrada e fornecem antioxidantes que lutam e protegem contra a fadiga.

Outro ponto é a prática de exercícios, isso porque eles liberam endorfinas, que melhoram as dores nas articulações e musculares. Sabe-se que os praticantes regulares de atividades físicas tem chances de sono de melhor qualidade.

E, para finalizar, evite televisão, videogame ou atividades estimulantes aproximadamente 2 horas antes de deitar – seu que é difícil – mas ao evitarmos exposição à luz artificial, estamos ajudando nosso cérebro a entrar no ritmo noturno de forma mais adequada.