Acordes ou acorde?

É lugar comum que a genialidade e a bestialidade andam juntas. A genialidade e a loucura, idem.

Sócrates, em uma de suas passagens mais célebres, dizia: “Só sei que nada sei. E o fato de saber disso já me coloca à frente daqueles que não sabem”.

E Sócrates levava isso tão a sério que tinha como seu método de ensino, que inspirou universidades como a de Harvard, na construção de seu método. Principalmente utilizado nas disciplinas das Ciências Humanas, como o Direito, o método socrático consiste em um sistema de perguntas e respostas, que servem para estimular o raciocínio dos interlocutores a tal ponto que esse possa, de alguma forma, encontrar as respostas por ele mesmo. E mais: querer cada vez mais encontrar as respostas e, com isso, com essa dificuldade, saber que, de fato, aquilo que ele sabe é uma gota no oceano. Ou seja: nada!

Hoje, com a disseminação cada vez mais rápida das informações, sejam elas verdadeiras ou não, criou-se uma gama cada vez maior de especialistas em nada. São indivíduos que, através de pesquisas e leituras perfunctórias em textos de origem duvidosa ou até em títulos ou chamadas de notícias – com as quais pura e simplesmente já se acham entendidos no assunto –, não dizem nada de nada, mas, principalmente, não dizem nada próximo da verdade. Ainda mais se o resultado daquela pesquisa for ao encontro daquilo que eles acreditam. Ou, mais ainda, daquilo que alguém que eles admiram disse ou pensa.

Longe da genialidade, esses seres estão, sim, disseminando desinformação pela sua falta de interesse pela verdade, falta de conhecimento ou até preguiça pela pesquisa. Afinal, é mais fácil concordar ou acreditar naquilo que disseram, mesmo sem alicerce nenhum.

Já os verdadeiros gênios, que muitas vezes são tidos como loucos, talvez até pelo fato de aqueles que se dizem normais não conseguirem acompanhar seus raciocínios ou capacidade de pensar, têm plena consciência do pouco que sabem. Ou mesmo de que nada sabem…

No mundo da música, a genialidade e a loucura sempre foram confundidas. Às vezes até pela facilidade que os gênios têm de transformar suas dores, angústias, dissabores ou alegrias em música.

Pois bem, cada vez mais me parece mais fácil saborear os acordes musicais a ter a esperança que um indivíduo acorde de sua bestialidade.

Até a próxima!

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