Acusado de homicídio deve ir a júri popular

A sentença de pronúncia referente à morte de Luis Carlos Cerri, ocorrida no dia 27 de dezembro de 2007, foi proferida no começo do mês pela juíza Fernanda Ghiringhelli de Azevedo. O acusado pelo crime, Luciano Castria de Oliveira, de 34 anos, deve ser julgado pelo Tribunal do Júri, por homicídio duplamente qualificado. Ainda cabe recurso da decisão. 

No dia 21 de dezembro daquele ano, após uma discussão de trânsito, Cerri foi atingido no pescoço por uma faca de cozinha. A vítima permaneceu internada durante seis dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Tacchini, mas não resistiu aos ferimentos. Conforme a sentença de pronúncia, a motivação para o crime teria sido uma manobra brusca praticada por um dos motoristas ainda na avenida Planalto. O assassinato aconteceu na rua Silva Paes, próximo à Pipa Pórtico.

Na versão das testemunhas, o acusado parou seu veículo pouco antes de chegar à Pipa Pórtico, no sentido Cidade Alta-RSC-470, e desceu do automóvel. Em seguida, Cerri passou pelo local a fim de deixar um colega de trabalho em casa. Ao diminuir a velocidade, a vítima foi atingida. Mesmo ferido, ele conseguiu dirigir até a entrada do bairro Juventude, onde perdeu o controle e colidiu em um muro. Ao sair do veículo, desmaiou.

Ainda segundo a sentença, o crime foi praticado por motivo fútil – uma vez que a morte ocorreu após uma discussão de trânsito – e por recurso que dificultou a defesa da vítima, já que Cerri foi pego de surpresa no interior do seu veículo, onde estava desarmado e não teve como se defender.  A pena para homicídio qualificado varia de 12 a 30 anos de reclusão. 

Legítima defesa

Durante o trâmite do processo, os advogados de defesa tentaram fazer com que houvesse desclassificação do crime de homicídio qualificado para o de lesão corporal grave, alegando que o réu agiu em legítima defesa já que a vítima teria colocado a mão nas costas como se fosse sacar uma arma. Em seu depoimento à juíza, o réu afirmou que foi seguido pela vítima desde o bairro São Bento até a saída da cidade. Ele disse ter acreditado se tratar de um assalto e, por isso, após acionar a Brigada Militar, reagiu quando Cerri desceu do veículo. O acusado responde ao processo em liberdade, por colaborar com as investigações, ter residência e emprego fixos. 

Cerri tinha 23 anos, era natural de André da Rocha e havia se mudado para Bento Gonçalves em busca de melhores condições de vida junto com dois irmãos. Entre seus sonhos estava o de iniciar o curso de mecatrônica, área na qual trabalhava havia dois anos. Ele também queria constituir uma família com a namorada, com quem estava há cinco anos, e planejava comprar um apartamento e ter filhos. O jovem foi enterrado em sua cidade natal, onde ainda vivem seus pais.

Versões contraditórias

O amigo que estava com Luis Carlos Cerri no veículo no momento do crime contou à família que eles haviam saído de uma confraternização da empresa onde trabalhavam e foram até o bairro Planalto comemorar o final do ano com outros colegas. Ele dirigia em direção ao bairro Juventude, onde deixaria o amigo quando, na altura da avenida Planalto, aconteceu a discussão em razão de uma suposta manobra brusca. Eles continuaram o trajeto e, ao chegarem na Pipa Pórtico, Cerri foi golpeado no pescoço pelo condutor do outro veículo supostamente envolvido na confusão. As versões sobre quem teria feito a manobra são contraditórias e o incidente não teve sequer danos materiais, conforme relato das testemunhas do processo.

Reportagem: Katiane Cardoso


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