Afogamento: um acidente evitável
Com as temperaturas elevadas uma das melhores formas de se refrescar é entrar na água, seja em piscina, rio, açude ou mar, por exemplo. Porém, todo o cuidado é necessário para evitar que o momento de lazer se transforme em pesadelo. Segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), a cada 84 minutos, um brasileiro morre afogado, sendo que o número de homens, em comparação ao de mulheres, é seis vezes maior. Em 75% dos casos, os óbitos ocorrem em água doce (rios, açudes, lagoas) e 51% das vítimas têm idade entre um e nove anos. Procurar se banhar somente em locais conhecidos, acompanhado de outras pessoas, e evitar se arriscar são algumas das orientações que podem previnir um afogamento.
O número de casos aumenta drasticamente, principalmente entre novembro e fevereiro de cada ano. Em 2015, foram registrados três afogamentos em Bento Gonçalves e, neste ano, um adolescente morreu no primeiro dia de 2016, quando tentava atravessar um açude localizado no bairro São João. A vítima foi identificada como Lucas da Silva Soligo, de 16 anos de idade. Populares que estavam nas proximidades tentaram socorrê-lo, porém, sem sucesso. O Corpo de Bombeiros foi acionado e encontrou o jovem já em óbito.
O capitão Maurício Ferro Correa, comandante do Corpo de Bombeiros de Gramado e interino do quartel de Bento Gonçalves – enquanto o capitão Sandro Carlos Gonçalves da Silva atua na operação Golfinho -, orienta que se procure locais conhecidos, onde haja pelo menos uma pessoa com noções de salvamento, além de nunca estar sozinho e ficar atento a sinalização. “A atenção deve ser redobrada, especialmente, quando houver crianças se banhando. É necessário que um adulto indique até onde entrar na água estabelecendo um limite. O ideal é que seja um limite físico, como uma corda, por exemplo. Um segundo de distração representa o risco de morte”, alerta o capitão.
Ele saliente, ainda, os cuidados com a ingestão de alimentos. “A natação é uma atividade intensa, que nunca combina com alimentação pesada. Às vezes, a pessoa quer nadar logo após comer um churrasco ou tomar uma cerveja, isso é um complicador. Vai faltar uma resposta muscular que consiga tirá-la de um local em que não der pé”, completa.
Improvisos
Correa ainda desaconselha o uso de equipamentos improvisados para flutuação. “Não se tem conhecimento do peso que o material, seja ele câmera de pneu, garrafa pet ou outros, irá suportar. No momento que ela estoura e a pessoa está no meio do rio, aumenta o perigo de afogamento, principalmente se ela não souber nadar”, destaca.
Socorro
Ao perceber que uma pessoa está se afogando, não se aconselha entrar na água e tentar salvá-la. “O ideal é chamar o socorro e lançar algum objeto que flutue, tipo corda, bombona d’água, botijão de gás. Somente se deve entrar na água tendo profundo conhecimento de salvamento e de resgate aquático. Normamente, quem tem esse tipo de treinamento é o bombeiro ou o guarda-vidas. Portanto, a prevenção é o melhor remédio para evitar esse tipo de acontecimento”, avalia o capitão. Por fim, ele ressalta que o excesso de confiança é um dos fatores que favorece a ocorrência de afogamentos, por aumentar a falta de atenção.
Dicas de prevenção
– Se você não conhece o local e não sabe nadar, não entre na água;
– Após as refeições, espere pelo menos três horas antes de se banhar;
– Evite nadar sozinho e, principalmente, durante o período da noite;
– Se ingerir bebidas alcoólicas, não entre na água;
– Procure não se afastar da margem;
– Mantenha, no máximo, a água na altura do umbigo;
– Não salte na água a partir de locais elevados;
– Não tente salvar pessoas sem ser devidamente treinado;
– Quando estiver em rios, observe, a correnteza e a possível existência de buracos ou galhos submersos antes de entrar na água;
– Em açudes e barragens, verifique a profundidade, os galhos e o lodo no fundo do local;
– Quando em cascatas, fique atento à temperatura da água, que pode provocar choque térmico. Observe também a profundidade e a quantidade de pedras;
– Se você estiver se afogando, não entre em pânico, acene por socorro e flutue;
– Em correnteza, não lute; flutue, erga uma das mãos e peça imediatamente por socorro;
– Se você for socorrer alguém, jogue uma corda com algum objeto de flutuação na ponta e amarre a outra extremidade, se possível. Mantenha-se firme após a vítima se agarrar na corda e a correnteza levará a vítima mais adiante, na sua própria margem.
Foto: Alina Souza/Especial/Palácio Piratini/Divulgação