Aids em Bento: três vezes mais mortes que no RS
Os dados sobre a incidência de Aids em Bento Gonçalves são alarmantes. No município, o índice de mortalidade chega a 25,5%, o triplo da taxa verificada no restante do Rio Grande do Sul, que é de 7,3%. Os dados fazem parte do relatório do Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde. A pesquisa também mostra que a incidência da doença no município vem aumentando progressivamente desde a década de 1980, especialmente nos últimos dez anos. De 2000 a 2010, a doença apresentou um crescimento relativo de 878,1%.
O relatório envolve dados entre 1986 e 2010, quando foram notificados na cidade 294 casos. Destes, a maioria foi diagnosticada nos últimos 10 anos: 271 casos. A incidência média para o período foi de 24,7 casos para cada 100 mil habitantes, com 25 novos casos por ano. O dado é um pouco abaixo da média estadual (27,8 casos por 100 mil habitantes). Desde 2002, o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com as maiores médias do país. Em 2011, até agora foram registrados 18 casos e quatro óbitos em Bento.
De acordo com o enfermeiro José da Rosa, responsável pela formatação do relatório, a alta mortalidade no município é consequência do diagnóstico tardio e da baixa aderência ao tratamento. “O tratamento causa muitos efeitos colaterais e por isso muitos o abandonam, principalmente usuários de drogas, profissionais do sexo e pacientes com outros fatores de risco associados”, explica.
A sobrevida dos pacientes com Aids é baixa no município em consequência da baixa adesão ao tratamento. O estudo aponta a média de dois anos e oito meses após o diagnóstico. Embora o número seja baixo, houve melhora em relação aos anos anteriores. Até 2007, a média de sobrevida era de apenas um ano e dez meses. Para fins de comparação, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, a sobrevida média é de nove anos.
Poderia ser evitado
A maioria dos casos de contaminação pelo vírus HIV poderia ser evitada se houvesse mais conscientização. A principal forma de transmissão do vírus entre os bento-gonçalvenses é por meio de relações sexuais (62,9% do total), seguida por usuários de drogas (22,4%). “É uma questão comportamental. Muitos ainda relutam em fazer sexo com proteção. Entretanto, a desculpa de não ter acesso ao preservativo não pode ser usada, pois a distribuição na rede pública está bastante acessível”, observa.
A incidência da doença cresce consideravelmente a partir dos 13 a 19 anos, até atingir seu pico de 30 a 39 anos, em ambos os sexos. Os homens apresentam as maiores taxas em praticamente todas as faixas etárias. A principal diferença entre os sexos se verifica dos 40 a 49 anos, com 2,3 casos masculinos para cada caso feminino. Na faixa etária de 60 anos e mais, foram notificados 6,6 casos em homens e um entre as mulheres.
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