Alerta: o que você está comendo pode nem ser considerado alimento

Sabe aquela bolacha ou o salgadinho que você comeu recentemente? Talvez eles não sejam nem considerados alimentos mas uma simples fórmula criada pela indústria. São os ultraprocessados, caracterizados pela  introdução de substâncias que alteram muito sua natureza. "De fato não são alimentos, são fórmulas industriais,  feitas à base de ingredientes de baixo custo, como sal, açúcar e gordura, e de aditivos", diz Carlos Augusto Monteiro, médico coordenador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).

 


 

Quer exemplos desses produtos? Refrigerantes, sucos industrializados, bolachas e salgadinhos são os principais, mas a lista é extensa e cresce a cada dia. Eles normalmente possuem grandes quantidades de sódio, açúcar, gordura saturada e trans, conservantes e calorias. Além de proporcionarem maior ganho de peso, esses componentes também favorecem uma série de problemas como diabetes, colesterol alto, complicações cardiovasculares, hipertensão, alergia, câncer, doenças renais, AVC, entre outros.

De acordo com um estudo feito pelo Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, realizado entre 2009 e 2017 com mais de 100 mil pessoas, o consumo de alimentos ultraprocessados aumenta as chances da formação de tumores. Durante o período, os pesquisadores notaram um aumento de mais de 10% nos casos de câncer diretamente relacionado ao aumento de 10% no consumo desse tipo de alimento.

Confusão na saciedade

O médico relata ainda que, além de terem um perfil nutricional extremamente desequilibrado, os ultraprocessados podem levar à obesidade. "Os processos e os ingredientes utilizados no ultraprocessamento levam a produtos que confundem o controle natural da fome e saciedade e que, nesta medida, promovem a obesidade. Primeiro, porque são produtos que contêm grande quantidade de calorias por volume. Segundo, porque, sendo praticamente pré-digeridos e contendo pouca ou nenhuma fibra alimentar, são absorvidos muito rapidamente. Terceiro porque são hiperpalatáveis. De fato, alimentos ultraprocessados são manufaturados para que sejam 'irresistíveis' e isso é comumente mencionado na propaganda desses produtos", completa.

O dr. Dráuzio Varella, inclusive, acredita que estejamos passando por uma epidemia de obesidade. “Hoje, 52% dos adultos têm excesso de peso no Brasil. Estamos indo atrás dos americanos: lá são 70% dos adultos acima do peso”, afirma ele em seu canal do YouTube.

Luz no fim do túnel

A Anvisa deve anunciar em breve quais serão os novos rótulos alimentares. A ideia é que os produtos tenham informações nutricionais mais claras e que o consumidor consiga criar uma noção maior do que está consumindo.