Amor distribuído em cabides
Certamente você já ouviu a frase “fazer o bem, sem olhar a quem”. Pois duas amigas colocaram em prática essa premissa. Fernanda Schulz, 28 anos, designer de moda, e Erika Farina, 27 anos, designer de interiores, trouxeram para Bento Gonçalves um projeto que tem dado o que falar em todo o Rio Grande do Sul: o “Amor no Cabide”. Com o objetivo de agasalhar moradores de rua e pessoas que necessitam de ajuda, o projeto espalha cabides personalizados em diversos pontos da cidade, com peças de roupas penduradas. Os agasalhos podem ser repostos por qualquer cidadão.
De acordo com Erika, a ideia de implantar o projeto em Bento surgiu quando as amigas encontraram cabides pendurados em postes e árvores de Porto Alegre. “Achamos muito legal e entramos em contato com as organizadoras para saber se era possível repicar isso para a nossa cidade. Nossa surpresa foi descobrir o ‘Amor no Cabide’ está implantado pelo Estado inteiro e até em alguns pontos fora do Rio Grande do Sul. É um movimento que cresce todos os dias”, conta.
As amigas iniciaram projeto no último sábado, dia 26, na praça das Rosas, no bairro Cidade Alta, com a instalação de quatro cabides (dois situados em frente à igreja Cristo Rei e outros dois na lateral). “Nós disponibilizamos em torno de 20 peças próprias, que não utilizávamos mais com tanta frequência. A ideia do projeto já estava na cabeça, porém esperamos ter mais tempo para sair e espalhar em vários pontos pela cidade no mesmo dia. Como fazia muito frio no final de semana passado, resolvemos dar o primeiro passo, sair da zona de conforto e ter atitude”, comenta Fernanda. A ideia é que nos próximos dias elas distribuam cabides em outros pontos de Bento. “Para isso contamos com a ajuda de todos”, convida.
Através do projeto, as amigas almejam ajudar aqueles que acabam, por algum motivo, não tendo roupas adequadas ao clima da região. “Também queremos provocar uma consciência local de ajuda ao próximo. Praticar o desapego em um mundo norteado pelo consumo, sem olhar a quem, faz bem para a alma e contribui para a construção de uma sociedade com princípios mais humanos. Acreditamos em um lema: se está precisando pegue, se está sobrando doe”, enfatizou Erika.
O investimento para a execução do projeto pode ser considerado baixo, pois só foram necessários cabides, fitas para amarrar e placas, disponibilizadas para impressão no site do projeto. “Nunca trabalhamos diretamente em outros projetos, sempre participamos, colaboramos e, acima de tudo, nos preocupamos em poder ajudar e ver resultados. Essa é a primeira vez que estamos à frente de uma proposta para nossa cidade e ficamos felizes em ver a repercussão dela”, comemoram as amigas. No sábado, quando instalaram os cabides, elas ficaram escondidas, cuidando se alguém pararia para pegar roupas ou, pelo menos, ler as plaquinhas. “Nossa surpresa foi muito positiva”, revela Erika.
Durou pouco!
Na noite da última quarta-feira, dia 30, quando a equipe do SERRANOSSA chegou à praça das Rosas para produzir as fotos que ilustram essa reportagem, não encontrou os cabides: eles foram retirados, possivelmente por vândalos. Mas, mesmo assim, Erika e Fernanda não desanimaram: instalaram dois novos “kits” e colocaram novas peças de roupas, inclusive com capas plásticas para protegê-las da chuva. “Nossa intenção é promover o bem, mesmo sabendo que nem todas as pessoas pensam como nós”, afirmou Érica. Na noite de quinta-feira, dia 31, a cena se repetiu: os cabides sumiram novamente.
Participe!
Todos podem e devem participar, basta se dirigir a um dos pontos onde estão os cabides e deixar algumas peças de roupas. Também é possível adicionar novos pontos pela cidade, cada um sabe da necessidade do seu bairro e pode mapear onde isso se aplicaria e contribuiria com a população. É o ato de doar amor através de agasalhos. “Contamos muito com a colaboração da comunidade”, convocam Erika e Fernanda.
Reportagem: Raquel Konrad
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