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Ano começa com adoção internacional de duas irmãs gaúchas para casal português

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A adoção por famílias estrangeiras só é possível quando crianças/adolescentes foram destituídas do poder familiar e após terem sido esgotadas todas as chances de adoção nacional

Foto: Tribunal de Justiça

A vindima é uma tradição portuguesa onde famílias se reúnem para colher das videiras as uvas que serão utilizadas na produção de vinhos. O momento é de união e de festa. Mas, para a família de Nuno Pombal e José Covas, a celebração do ano passado teve um sabor ainda mais especial: nesse dia, o casal português, que estava na fila de adoção desde 2019, recebeu a notícia de que a procura tinha acabado. No Brasil, duas irmãs gaúchas, de 8 e 11 anos, estavam prontas para formar ao lado dos pais portugueses uma nova família. O destino da família agora é a Espanha, onde já residem José e Nuno.

A adoção por famílias estrangeiras só é possível quando crianças/adolescentes foram destituídas do poder familiar e após terem sido esgotadas todas as chances de adoção nacional. Esta é a segunda adoção internacional realizada pela Autoridade Central Estadual do Rio Grande do Sul (ACERS). O órgão do Poder Judiciário funciona desde 2016 e tem por competência fazer cumprir a Convenção de Haia, que regulamenta a adoção internacional. Até então, o processo era realizado pelos Juizados Regionais da Infância e Juventude.

Na videochamada feita na quinta-feira à tarde, 13/01, com membros da ACERS, as irmãs Larissa, de 8 anos, e Tauane, de 11, estavam cansadas. Haviam feito uma longa viagem com os pais até a Capital, onde visitaram a Arena do Grêmio e pontos turísticos do Centro Histórico. Com as meninas no colo de cada um, José e Nuno estavam radiantes. “Era algo que queríamos muito na vida. Quando nos conhecemos, o projeto era de ter uma família grande. Quando distribuímos amor, de alguma forma, ele volta para nós”, conta José.

A guarda provisória das irmãs foi dada pelo Juiz Ramiro Baptista Kalil, da Comarca de Cerro Largo, em 02/12/21. Antes disso, as meninas passaram por um processo de preparação, pela equipe técnica da Comarca de Santo Ângelo. Na última segunda-feira, 10/01, a audiência final chancelou o tão sonhado momento. A família agora passará por acompanhamento social e psicológico pelo período de dois anos. Relatórios semestrais informando sobre a adaptação do grupo serão enviados às autoridades judiciais gaúchas.

Sabor especial

Nuno lembra que, em outubro do ano passado, recebeu a notícia de que poderiam adotar as irmãs brasileiras. Ele e o companheiro estavam em um hotel, com a família, para celebração da vindima. “Fiquei tão nervoso, que as lágrimas caíram, fiquei andando pelo quarto do hotel. O José ficou tão ou mais atrapalhado que eu. Na hora, não prestamos atenção em nada”, relata.

“Foi engraçado porque, assim que recebemos uma foto delas, corri pelo hotel para mostrar aos meus pais. Todos estavam lá. Foi uma notícia em família, mas também uma celebração em família”. A viagem para o Brasil foi preparada rapidamente para o importante passo.

Os primeiros encontros foram virtuais e, aos poucos, foram quebrando barreiras e construindo uma aproximação. Quando se conheceram pessoalmente, as meninas correram para abraçar os pais. No Ano Novo, a família já estava junta. Em mais um ritual tradicional, eles comeram 12 uvas que, de acordo com as crianças, simbolizam 1 desejo para cada mês do ano. Depois, saltaram na piscina. Seja lá o que pediram, pelo menos um desejo de Larissa, Tauane, José e Nuno já se concretizou: o sonho de uma família.

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