Anteprojeto na Câmara sugere distribuição de absorventes para estudantes da rede pública
Uma realidade que ainda não é conhecida por todos, mas que existe para pelo menos 156 meninas em Bento Gonçalves: a impossibilidade de comprar absorventes íntimos. A pauta da chamada “pobreza menstrual” virou assunto no país todo e muitas casas legislativas e prefeituras têm apostado na distribuição de absorventes para evitar a evasão escolar. Isso porque muitas estudantes deixam de ir à escola quando estão menstruadas por conta da falta da proteção. Nesta semana, o vereador de Bento Gonçalves Davi Da Rold protocolou uma indicação de anteprojeto, para ser avaliado pela prefeitura, que visa à distribuição gratuita de absorventes higiênicos para alunas de escolas da rede pública.
De acordo com a justificativa, a média de ausência em sala de aula é de cinco dias por mês durante o período menstrual. “Isso significa que essas estudantes perdem cerca de 45 dias de aulas por ano, com óbvias consequências para o processo educacional e de socialização dessas jovens”, aponta o documento. “Disponibilizar o acesso gratuito e ao alcance de quem necessitar, é fundamental, pois absorventes higiênicos não são itens supérfluos e sim de necessidade básica. Portanto, deve fazer parte do orçamento do município, assim como as provisões de outros itens necessários à saúde das alunas da rede pública de ensino”, pontua.
Ainda no anteprojeto, o vereador defende que distribuir absorventes higiênicos para estudantes é levar dignidade e esperança para um futuro mais justo e igualitário. “Não podemos cruzar os braços para essa triste realidade e permitir que problemas como a falta de material escolar, merenda ou absorventes íntimos sejam fatores que desencorajam essas jovens de frequentarem as escolas, reduzindo as chances de um futuro melhor”, concluiu.
Para o secretário de Esportes e Assistência Social, Eduardo Virissimo, que acompanha de perto a vulnerabilidade das famílias de Bento, esta é mais uma lacuna aberta que deve ser atendida. “O projeto pode reduzir os estragos que a extrema pobreza cria na sociedade. As meninas acabam tendo seus direitos, de alguma forma, quebrados, o que as tira de um caminho de crescimento para um futuro próspero”, pontuou. “Projetos de incentivo à minimização destas questões fazem com que nós tenhamos uma juventude mais focada em aprendizado e crescimento pessoal, criando adultos de bem e com dignidade assegurada”, destacou.
De acordo com levantamento da secretaria, hoje existem 2.762 pessoas que vivem em situação de extrema pobreza em Bento Gonçalves, 455 destas são do sexo feminino e têm entre 4 a 17 anos. São 156 meninas, de 12 a 17 anos, que vivenciam essa realidade.
Agora o anteprojeto está em análise e, se for considerado constitucional, pode voltar como projeto de lei na Câmara, apresentando o detalhamento de como deve ocorrer a distribuição.