Aos 85 anos, dona Lucinda dá exemplo de disposição e saúde

As caminhadas fazem parte da rotina diária da costureira Lucinda Gema Consorte Signor desde quando era bem jovem. Natural de Nova Roma do Sul, Lucinda veio a Bento Gonçalves com cerca de 18 anos, conciliando o trabalho de costureira com o serviço em empresas do município. Após se casar com Aldo Signor (em memória), a bento-gonçalvense de coração conta que largou o trabalho fora de casa e passou a atuar apenas como costureira. Mas, mesmo com o serviço reduzido, Lucinda sempre manteve uma vida ativa e saudável. “Sempre fui ‘para lá e para cá’ a pé”, relata. 


Foto: Eduarda Bucco
 

Diariamente, a costureira acorda por volta das 6h, deixa tudo em ordem em casa e sai para sua caminhada até o supermercado. Além da rotina que a acompanha desde jovem, há quatro anos Lucinda vem sendo acompanhada pelo neto Gabriel Signor, profissional de Educação Física. “Quando meu avô morreu em 2017 eu estava fazendo meu TCC. Então resolvi voltar o assunto para a atividade física com a terceira idade, porque a gente sabe que, quando um companheiro falece, o baque é muito grande. Há vários casos de depressão, e a atividade física também é importante para isso”, destaca o educador físico. 

A partir de então, Lucinda passou a se exercitar com acompanhamento cerca de três vezes por semana. Os exercícios elaborados por Gabriel são voltados à saúde da avó, a fim de melhorar a caminhada e garantir mais força para que ela tenha independência no seu dia a dia. “Ela faz pilates pela manhã e, às vezes, conciliamos os treinos de força para melhorar a postura, a disposição e garantir autonomia”, relata Signor. “O equilíbrio é muito relacionado com a força. O idoso que tem força consegue se agarrar em algum móvel caso tropece, levantar sozinho do chão, carregar sacolas no supermercado… se virar sozinho”, continua.


Foto: Eduarda Bucco
 

O marido Aldo Signor (em memória) sempre foi um grande companheiro de Lucinda. Casados há mais de 60 anos, eles costumavam fazer algumas caminhadas e viviam uma vida feliz juntos. Sua partida trouxe um vazio aos dias de Lucinda e a atividade física foi um dos mecanismos que a auxiliaram a seguir em frente. “Os exercícios me ajudaram muito, porque aí tu não pensa só naquilo. Se distrai e o tempo passa”, comenta a costureira. 

Hoje, aos 85 anos, Lucinda vive sozinha e consegue realizar todas as atividades de rotina de forma independente, apesar de contar com a companhia da família quase que diariamente. Além disso, o neto Gabriel Signor afirma que todos os exames da avó estão de acordo, sendo necessário apenas um remédio para pressão. “Eu faço exercícios porque eu gosto. A gente se sente menos cansada e tem mais disposição. Também gosto de fazer minhas caminhadas, porque encontro algumas pessoas conhecidas pelo caminho. Conversamos de longe, falamos sobre o que acontece no dia a dia e isso faz muito bem, porque ficar só dentro de casa não dá”, pontua. 


Foto: arquivo pessoal
 

Importância redobrada na pandemia

O educador físico Gabriel Signor revela que, antes da pandemia, o número de idosos frequentando a academia para se exercitar era maior. O fato se deve aos cuidados das pessoas da terceira idade e de suas famílias em relação ao contágio pelo Coronavírus. Entretanto, Signor reforça a importância de se manter ativo, especialmente durante este período. “As pessoas de idade não enxergam como algo importante [a atividade física], porque passaram a vida sem. Mas é muito relevante pela autonomia que a pessoa cria, podendo fazer de tudo, sem pedir ajuda. O fato de apenas sair e fazer uma caminhada já é importante para a saúde física e psicológica dos idosos”, reforça.


Foto: arquivo pessoal
 

O educador físico ainda ressalta que, de acordo com a pesquisa Diet & Health Under Covid-19, realizada com 30 nações em todo o mundo, o Brasil ficou em primeiro lugar entre as pessoas que mais acreditam ter engordado durante a pandemia. No total, 52% dos entrevistados declararam ter aumentado de peso desde o início da disseminação do Coronavírus no país. “Quando teve início a pandemia o pessoal deveria ter começado a mudar os hábitos, ter uma alimentação mais saudável e se exercitar mais. Principalmente as pessoas idosas, sedentárias ou obesas. Mas estamos há um ano e meio em pandemia e nada mudou”, lamenta. 

Mesmo assim, Signor frisa que nunca é tarde para mudar de hábitos e iniciar uma vida mais saudável. “É difícil começar, mas a tendência é que as pessoas comecem e permaneçam se exercitando. Para os idosos, é importante ter alguns cuidados na hora de montar os treinos, mas a atividade física ajuda na conquista da força e, consequentemente, da autonomia, para que a pessoa não precise de ajuda ou precise mais tarde”, esclarece.

“E eu acredito que, se tu obedece as recomendações, usa máscara direitinho, higieniza as mãos (as minhas já estão ressecadas de tanto álcool em gel) e não vai para lugar onde têm muita gente, não tem problema sair de casa para se exercitar e conversar um pouco”, acrescenta a avó Lucinda. 


Foto: Eduarda Bucco
 

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