Após 17 anos de desafios e perseverança, psicóloga conclui graduação e inicia carreira dos sonhos

Série ‘Um 2021 Especial’: Beatriz Fontanella, de 53 anos, ingressou no curso de Psicologia da UCS em 2002 e conseguiu receber o canudo no ano passado. Em 2021, colheu os frutos de anos de dedicação e resiliência

Fotos: arquivo pessoal

Aos 53 anos, Beatriz Fontanella pode, finalmente, ser chamada de psicóloga. Foram 17 anos de muitas lágrimas, fortes emoções, mas, acima de tudo, de perseverança e resiliência. Beatriz entrou no curso de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), em 2002, após um longo processo de autoconhecimento. Foram diversos trabalhos anteriores no comércio e na indústria de Bento Gonçalves, lidando com falta de transporte público, para se deslocar até sua casa no interior, e horários extensos de serviço. “Os meus falecidos pais me deixaram um lindo legado de resiliência: que podemos fazer muito com pouco, basta sermos persistentes e termos clareza do que queremos para o nosso futuro”, comenta.

Em 1996, ao ingressar em um cargo no Campus Universitário da Região dos Vinhedos, na UCS Bento, descobriu que funcionários teriam desconto para os estudos. Foi a oportunidade perfeita para ingressar no seu curso dos sonhos, a Psicologia. Em 2002, passou a trabalhar pela manhã e à noite e estudar à tarde, no campus sede, em Caxias do Sul. “Chegava muito tarde em casa e pela manhã acordava cedo para chegar ao trabalho. Eu me virei do avesso”, recorda.
Em 2007, a chegada do pequeno Giovanni levou Beatriz a fazer uma escolha: estudar ou trabalhar. A decisão de interromper os estudos não foi fácil, mas necessária para poder dar atenção a seu filho. Um ano depois, Beatriz conseguiu adquirir um imóvel na cidade, facilitando sua locomoção. “Tudo isso foi agregando forças e coragem, mas ainda não pensava em retomar os estudos, pois a minha preocupação era estar inteira para o meu pequeno Giovanni”, recorda.

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Entretanto, ao ser desafiada em seu trabalho, ainda na UCS, decidiu dar voz à sua teimosia e retomar os estudos, em 2013. “Tudo para mim era grego. Novamente tive vontade de desistir, mas fui me reinventando e conhecendo colegas e professores que me transmitiam vida e amor”, conta. Até 2020, quando finalmente recebeu seu canudo, Beatriz revela que ficou conhecida como a “chorona” do campus, diante do estresse gerado pelas dificuldades de, já com certa idade, trabalhar, estudar e cuidar do filho ainda pequeno. “Muitos me questionavam quando ficava brava, ‘que futura psicóloga é essa?’. Então eu respondia: ‘sou um ser humano igual a todos os outros’. Sempre fui muito genuína com meus sentimentos”, recorda.

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Mas o amor pela Psicologia, os aprendizados sobre o comportamento humano e as inúmeras possibilidades de reinvenção em momentos difíceis a fizeram persistir. Após colar grau em fevereiro de 2020, a pandemia a obrigou a dar uma pequena pausa a seus planos como, agora, psicóloga. Finalmente, em 2021, Beatriz passou a colher os frutos dos longos anos de muita determinação e força de vontade. Hoje, tendo uma colega como sócia, a psicóloga faz seus atendimentos em uma sala no centro da cidade, onde tem alcançado, diariamente, seu maior objetivo profissional: “transformar vidas, auxiliando as pessoas a entenderem que podemos viver de uma forma mais leve e do quanto é importante buscarmos constantemente o autoconhecimento. Fazer com que o outro se olhe e se cuide, aceitando muitas vezes as suas vulnerabilidades e estando aberto à mudança”.

Diante de um 2021 repleto de mudanças, Beatriz ressalta: “tudo na vida são ciclos que se fecham e que se abrem para o novo e, muitas vezes, o novo nos assusta um pouco. Mas está tudo bem. Para o ano que vem, desejo que sejamos sempre luz a iluminar por onde passamos. Que nunca seja tarde para recomeçar e que sempre busquemos nossa paz e acalento que vem do nosso interior”, transmite.

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