Após 70 dias, tragédia climática em Bento Gonçalves ainda deixa rastros e aprendizados

Quatro pessoas seguem desaparecidas e as buscas ainda estão ocorrendo pelo interior da cidade 

Após 70 dias, tragédia climática em Bento Gonçalves ainda deixa rastros e aprendizados
Foto: Prefeitura Bento

Já se passaram mais de 70 dias desde que a maior tragédia climática de Bento Gonçalves ocorreu. Segundo estudos e análises, foram registrados 284 deslizamentos de terra, deixando um rastro de destruição no interior da cidade, principalmente nas comunidades de Faria Lemos e Tuiuty.

Nestes mais de dois meses, foram registrados 1.300 mm de chuva, sendo 600 mm somente na primeira semana de maio. Mais de 1.100 pessoas foram resgatadas em ações realizadas por terra, com voluntários a pé, de jipe e quadriciclos, e helicópteros. 

No total, 11 pessoas perderam a vida. Quatro mulheres seguem desaparecidas. São mais de 70 dias sem notícias, sem respostas.

As vítimas fatais em Bento Gonçalves, segundo a Defesa Civil, são:

  • ALICE ESTIVALET SANTOS;
  • ANILTON DE OLIVEIRA SANTO;
  • ARTEMIO COBALCHINI (o Neco);
  • AVELINO MARCHIORI;
  • IVONETE MARIA COBALCHINI;
  • LUIS CARLOS SCHUTKOVSKI;
  • MATEUS TANSINI;
  • ROMUALDO FRANCO;
  • EVA VALIATTI MARCHIORI;
  • NATÁLIA COBALCHINI;
  • SANDRA MARIA PASSARIN PRUDÊNCIO.

As quatro vítimas que seguem desaparecidas são:

  • CARINE MILANI;
  • ISABEL VELERE ANTONELLO GALLON;
  • LOURDES HELENA LAZARINI;
  • NELSA FACCIN GALLON.

As buscas do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) seguem ocorrendo. 

Bento Gonçalves ainda tem 4 pessoas desaparecidas após catástrofe
As vítimas desaparecidas em Bento Gonçalves. Fotos: Arquivo pessoal

Mudanças

Na última sexta-feira, 05/07, mudanças ocorreram. A base de operações na localidade de Faria Lemos começou a ser desmobilizada. Para o secretário de Governo, Márcio Possamai, as alterações são logísticas. “É uma mudança logística de espaço para podermos encerrar esta etapa e devolver o salão para comunidade utilizar. Os trabalhos de monitoramento seguem normalmente e as ações na localidade também”, disse. 

Pela parte do CBM, as operações serão concentradas no Batalhão, localizado na avenida Osvaldo Aranha. “É uma adaptação logística, para devolução do salão para comunidade. Seguimos a operação com a busca pelos desaparecidos com utilização de drones, de embarcações, em área de espaço construído, conseguindo operacionalizar bastante isso e seguir com esse trabalho de busca dos desaparecidos”, disse o capitão Gustavo Kist.

Geologia

Cerca de 70 profissionais, como engenheiros e geólogos – incluindo profissionais de outros Estados -, contribuíram com os trabalhos do Núcleo de Riscos Geológicos (NRG). Dois radares geotécnicos e seis instrumentos de monitoramento nas quatro principais áreas de risco foram instalados em parceria com as empresas GroundProbe e Hexagon. Os profissionais da prefeitura foram treinados para seguir com o trabalho de monitoramento. O trabalho segue em andamento com ações de prevenção, resposta e restabelecimento.

Rio Grande do Sul

A Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul divulgou que já são 182 mortes devido às fortes chuvas que causaram estragos nos municípios gaúchos entre abril e maio. A atualização aponta que 31 pessoas ainda seguem desaparecidas. As duas vítimas mais recentes foram localizadas em Cruzeiro do Sul e Estrela. 

O levantamento aponta ainda que 2,398 milhões de pessoas foram afetadas de alguma maneira pela tragédia climática, o equivalente a 22,04% da população do Rio Grande do Sul que, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, era de 10.882.965 pessoas. Os impactos das inundações causaram danos em 478 dos 497 municípios gaúchos, ou seja, 96,18% do total.