Após duas décadas, Esportivo volta a vender atleta

Se por um lado a temporada de 2014 pode ficar marcada pela queda do Esportivo à segunda divisão, por outro também pode ser lembrada por um fato mais incomum, nos últimos anos, do que o próprio rebaixamento do clube: a venda de um atleta.

Após meses de negociação, a direção confirmou acerto com o Grêmio envolvendo o volante Leonardo Fernandes Reichert (à esquerda na foto), 16 anos, que chegou ao clube no início do ano para a disputa do Campeonato Gaúcho Sub-17. Natural de Santa Rosa, ele estava atuando no Mundo Verde Futebol Clube, de Fontoura Xavier, quando foi indicado pelo empresário Darci Simon ao técnico da equipe Juvenil do Esportivo, Cristiano Fronza. Logo no primeiro treino, Fronza solicitou ao clube que assinasse a ficha do garoto. Assim como chamou a atenção do treinador alviazul, também despertou o interesse do Grêmio em partida disputada entre as equipes no Parque Esportivo Montanha dos Vinhedos, no dia 25 de maio, pela oitava rodada da primeira fase do Estadual, vencida pelos visitantes por 2 a 0. “Quando acabou o jogo, o Edu (Eduardo Schio, supervisor de futebol) chegou ao vestiário e disse: Cris, o Grêmio se interessou por um atleta, adivinha quem? Eu disse: no Léo. É um jogador com boa saída de bola, tem um passe bom, se coloca bem no campo, faz a leitura do jogo. Isso acabou despertando o interesse dos caras. A gente tinha a perspectiva de ele jogar nesse ano e no ano que vem estourar, mas acabou acontecendo o contrário. O Leonardo se adaptou rápido ao nosso jeito de trabalhar, é um menino muito dedicado, nunca reclamou de nada, tanto que a gente quase nem ouvia a voz dele nos treinamentos”, conta Fronza.  

Pelo acordo, o alviazul ficou com 10% dos direitos econômicos do atleta para o caso de uma futura negociação. Além disso, receberá cerca de R$ 50 mil após a assinatura do contrato profissional com o Grêmio, que ocorrerá no início do próximo ano. “O Leonardo é titular na categoria, está feliz lá e o Esportivo ainda mais”, afirma o presidente do alviazul, Luis Oselame.

O entusiasmo de Oselame não é à toa. Trata-se da primeira venda de um jogador do clube após 21 anos. A última havia sido em 1993, envolvendo o ex-meia bento-gonçalvense Arílson Gilberto da Costa, ex-Grêmio, Inter, Palmeiras e seleção brasileira. Na negociação, também com o Grêmio, o Esportivo recebeu cerca de R$ 30 mil e o passe do jogador Luciano André.

O futuro do clube

Conforme Oselame, a revelação de atletas é uma das prioridades da atual direção, que já vem tratando com zelo outras promessas. Uma deles é o meia Marcos Sarará, também destaque na equipe Sub-17 deste ano e que chegou a ser titular em partidas da Copa Fernandão e Copa Serrana. No momento, o jogador passa por testes em um clube não revelado. Se aprovado, as partes entrarão em negociação. Outra é o meia Kelvin, também oriundo da categoria Sub-17 e considerado a principal revelação do clube no segundo semestre. Já está encaminhada a assinatura de contrato profissional do jogador com o Esportivo, o que deverá ocorrer até o final deste mês, com pelo menos dois anos de duração e a maior parte dos direitos econômicos pertencentes ao Esportivo. A direção está convicta que o atleta será valorizado em 2015 e, por consequência, poderá render uma negociação bastante considerável financeiramente. “Esse caso do Leonardo é um passo muito pequeno, mas é um passo dado após mais de duas décadas. Por isso estamos muito determinados, não há outra saída que não seja formar. Se você conseguir vender um atleta por ano, ao menos, será maravilhoso para o clube. E no momento que conseguiu vender um atleta, quer dizer que o clube formou outros tantos que vai poder usar. O que eu posso deixar para o Esportivo será isso, essa ênfase na base, porque ela é o futuro do clube”, ressalta Oselame.

Para 2015, está assegurada a continuidade da categoria Sub-17, graças a projeto aprovado no Programa de Incentivo ao Esporte no Estado (Pró-Esporte RS), que permite a dedução de ICMS devido para apoio de projetos esportivos. O Esportivo tem até o próximo dia 28 para apresentar as empresas parceiras e a expectativa é que consiga captar 100% do montante aprovado – R$ 600 mil -, o que possibilitará um orçamento de R$ 50 mil mensais para a categoria. O projeto da equipe Júnior, por outro lado, acabou adiado, sob o risco de onerar ainda mais o clube. Mesmo assim, a direção acredita que a ausência da categoria não será prejudicial para o projeto de formação. “Se tivermos atletas saindo do Sub-17, eles serão aproveitados no profissional. Os jogadores com idade Sub-19 que a gente trouxe no segundo semestre também poderão ser aproveitados no profissional. Então não haverá problema, se a gente faria um grupo de 26 atletas, faremos um de 30. Vamos conseguir encaixar dessa forma”, conta o presidente. 

 

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