Apostas perigosas

Conforme a psicóloga Leise Melgaré, de Caxias do Sul, para o jogo ser considerado um problema sujeito a tratamento, é preciso que os amigos e familiares reconheçam a interferência na vida pessoal, financeira, afetiva e profissional do jogador. “Isso não acontece em um jogo que tenha como foco o lazer, que ao contrário, pode ampliar as potencialidades da pessoa”, explica.

O vício é alimentado pela necessidade de recuperar o que foi perdido. Tem um mecanismo de dependência semelhante ao provocado pelas drogas. Provoca a produção de um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer, que mantém o jogador apostando até a exaustão. Os sintomas psiquiátricos do jogador patológico são: isolamento social, irritabilidade, intolerância à frustração, depressão e ansiedade.

Os sinais de que o jogo está se tornando um vício aparecem quando o apostador deixa de fazer coisas importantes, como se alimentar e tomar banho, para ficar em frente ao computador, por exemplo. Os principais sinais da doença do jogo, apontados por especialistas são: perda de concentração no trabalho; perda do sono por causa do jogo; falta de compromisso com familiares; compulsão por ganhar mais ou recuperar o perdido; desvio de dinheiro destinado às despesas pessoais para o jogo e realização de empréstimo para jogar.

O viciado tem prazer em jogar, quando ganha se estimula a aumentar as apostas e quando perde joga mais para recuperar. Assim, o apostador doente perde sempre, pois não para quando está ganhando e sim quando o dinheiro acaba. “O tratamento para o viciado em jogos deve ser feito com terapia, através de um psicólogo que, se necessário, encaminha a um psiquiatra para indicar medicações”, orienta Leise.

Um exemplo de jogador compulsivo é o funcionário público aposentado, J.B., 62 anos, de Caxias do Sul. Ele joga quase tudo o que ganha, uma aposentadoria de R$ 5 mil mensais. Tudo começou quando ele conheceu uma mulher mais jovem que gostava de jogar e o convidou. O relacionamento durou pouco, mas o vício permaneceu. O filho de J.B. conta que o pai chegou a gastar mais de R$ 60 mil durante um ano em apostas, entrou em depressão e não largou mais o vício. “Para pagar as contas da casa dele eu tenho que ir junto ao banco. Se ele for  sozinho, acaba sacando tudo e gasta nas máquinas de jogos”, conta o filho.

Sintomas

Os sintomas psiquiátricos do jogador patológico são: isolamento social, irritabilidade, intolerância à frustração, depressão e ansiedade

Reportagem: Alexandra Duarte

 

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