Aprendendo a reconstruir a vida depois da experiência do luto

O luto é um processo natural, cujas emoções, sentimentos e reações de pesar emergem no ser humano diante do rompimento de uma relação em que havia vínculo. Embora seja um momento comum e mesmo esperado frente às mudanças impostas pelas rupturas da vida, precisa de atenção e cuidados, tanto por parte de quem o vivencia quanto para os que estão à sua volta. 
É fundamental que o enlutado possa vivenciar a perda, a fim de que seja possível, ao longo do seu próprio tempo, cicatrizar e curar as dores emergentes deste fenômeno. Logo, o luto constitui uma das experiências mais peculiares, se não a mais particular de todas as vivências do homem, uma vez que também afeta todas as dimensões humanas – física, cognitiva, emocional, espiritual e social. 

Por mais que as situações que tenham levado à morte de pessoas amadas possam se assemelhar, nenhuma perda é igual à outra, pois o luto se refere, sobretudo, às formas que o enlutado encontrará para lidar com a morte, dadas as representações atribuídas a este evento, o que poderá depender da história construída com quem foi perdido, dos tipos de laços afetivos e da qualidade com que foram construídos, dos papéis que as pessoas amadas desempenhavam em vida, bem como todo o processo de mudança associado à ruptura. Por tratar-se de uma experiência complexa e de difícil compreensão, é importante que a comunidade possa construir pontes de conhecimento que auxilie a si mesma e aos outros diante da proximidade com o assunto, tanto na teoria como na prática.

Concomitante a uma perda, o ser humano depara-se com um estado de choque inicial. Essa reação acontece porque o organismo não é capaz de absorver a realidade da notícia e, como defesa, paralisa emoções e sentimentos. Logo, é importante respeitar o momento de choque. Esta etapa pode perdurar minutos, horas ou mesmo dias, mas acaba reduzindo, na medida em que o enlutado percebe que alguma coisa aconteceu no ambiente e alterou padrões de rotina e funcionamento. Cada um tem o seu tempo individual para encarar a realidade da perda, até porque o luto traz à tona uma avalanche de emoções que, sobretudo nos primeiros períodos, são intensas e promovem sensações de confusão, em razão de serem desconhecidas, estranhas e, muitas vezes, inomináveis. O choro emerge, então, como uma das diversas manifestações do luto, que traduzem o sentimento de pesar. É importante chorar a dor, falar sobre a experiência que está atravessando, compreender que, de fato, o luto coloca à prova questões de potência e imortalidade. 

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Se, neste processo, existe um período particular para a vivência da perda, não há necessidade de estimular a saída do luto ou forçar momentos – solicitar que o enlutado não chore ou que se recupere rápido – pois, ao invés de ajudar, isso pode bloquear uma reação normal de luto que pode desencadear em outros fatores posteriormente. É preciso, antes de tudo, trabalhar as próprias angústias pela sensação de impotência. Poucas palavras e atitudes generosas, como abraço, beijo, olhar e apertos de mão, são, geralmente, mais confortantes e acolhedoras.

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Outro fator importante se refere à distração da dor. É importante encontrar momentos para consolar o sofrimento e descansar. Não há necessidade de ficar triste o tempo inteiro para manter presente quem se ama. A presença mais próxima e constante é mantida pelos momentos de alívio e alegria. Logo, é essencial fazer um convite a si mesmo para estar com pessoas nas quais se confia, participar de momentos que permitam rir, divertir e, acima de tudo, continuar a viver, talvez não da forma como gostaria, mas tentando e reaprendendo a construir novas formas de seguir. 

 

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