“Área de barulho” segue em discussão

A intenção de criar uma “área de barulho” para a prática de som automotivo em Bento Gonçalves continua a ser debatida entre as secretarias de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana e Juventude, Esporte e Lazer. O projeto teria por objetivo resolver o problema do barulho emitido por veículos nas áreas residenciais e que tira o sono dos moradores, principalmente nos bairros São Bento e Planalto. A ideia é apoiada pelo Ministério Público (MP) e parece agradar também quem trabalha no segmento de som automotivo.

Segundo o secretário-adjunto de Mobilidade Urbana, Vanderlei Mesquita, o objetivo é levar a prática para locais onde seria permitida e legalizada, preferencialmente em áreas no interior do município para que os jovens pudessem se divertir sem perturbar o sossego da comunidade. O projeto ainda não saiu do papel e precisa ser debatido com os interessados no assunto, entre os quais Brigada Militar e MP. 

Para o promotor Elcio Resmini Meneses, a criação de uma zona de barulho é perfeitamente possível. “Eu vejo como uma possibilidade, mas é preciso buscar um local ideal tendo em vista que, mesmo no interior, há diversas residências e o barulho não pode perturbar o sossego desses moradores”, afirma. Ele sugere que, quando a área for definida, sejam feitos testes no primeiro evento para garantir que a propagação do som não esteja trazendo prejuízos à população já que o papel do MP é garantir o bem-estar de todos. “Na medida em que essa população não for atingida, não se vê razão para caracterizar o crime ambiental, que até pode estar, teoricamente, previsto em artigo (causar a poluição), mas que, na prática, não se estabelece porque não se pode identificar exatamente quem está sendo atingido. Assim, não se torna um ilícito, mas algo que chamamos de atípico”, pondera. 

Para Lauri Nhoatto, o Kiko, que há mais de 10 anos trabalha na promoção de eventos e no ramo de som automotivo, a proposta seria um começo na busca pela solução do problema. “A maioria das pessoas que eu conheço, boa parte do ramo, é favorável à criação de um local para a prática do som automotivo. Seria preciso levar a ideia adiante para que os jovens possam se divertir sem afetar moradores. Uma área autorizada poderia ter estrutura para som automotivo e também para arrancadas, borrachões e trilhas para motocross. Garantiria tranquilidade aos praticantes e não perturbaria ninguém”, afirma. Nhoatto diz que é preciso mais respeito por parte dos adeptos da prática. “Eu sou contra o uso indiscriminado do som automotivo, ninguém é obrigado a escutar o que você quer ouvir”, alega. Kiko sugere que simultaneamente à criação desse local uma aplicação da fiscalização para coibir a prática e autuar quem a faz de forma irregular em outros lugares. “Nós temos um grupo chamado Amigos do Som. Nós nos reunimos ao menos uma vez por mês e, sempre que possível, participamos de competições. Os pouco mais de 20 integrantes respeitam as regras, sendo que não permitimos a utilização de som automotivo de forma que agrida as outras pessoas”, explica. Garibaldi é um grande exemplo, segundo ele. “O Parque da Fenachamp é uma excelente área com estrutura e segurança, algo nesse sentido gostaríamos para Bento Gonçalves”, comenta. 

Curiosidade

Nível de ruído provocado (aproximadamente):

Torneira gotejando: cerca de 20db
Música baixa: 40db
Conversa tranquila: de 40 a 50db
Restaurante com movimento: 70db
Secador de cabelo: 90db
Caminhão: 100db
Britadeira: 110db
Buzina de automóvel: cerca de 110db
Turbina de avião: 130db
Show musical, próximo às caixas de som: acima de 130db
Tiro de arma de fogo próximo: 140db
Trânsito congestionado: de 80 a 90db
Latidos: 95db
Liquidificador: 85db
Fogos de artifício: 125db

*A Organização Mundial da Saúde considera 80db o limite máximo que o ouvido humano suporta sem prejuízos imediatos ou a longo prazo.


Reportagem: Jonathan Zanotto


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