Área de vinhedos tem redução pelo terceiro ano
Os dados do Cadastro Vitícola, apresentados no final de março pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e pela Embrapa Uva e Vinho, apontam uma redução de 6,5% na área de vinhedos em Bento Gonçalves, que passou de 6.627 para 6.194 hectares na comparação entre 2012 e 2011. A queda, ainda que mais sutil, também é constatada já a partir de 2010, quando uma sequência de crescimento de quatro anos consecutivos foi interrompida.
Nos últimos dez anos, entretanto, o saldo é positivo, evidenciando um crescimento de quase 18% nas zonas de produção na cidade, que se manteve até 2012 como líder no Rio Grande do Sul. O estudo destaca ainda a manutenção do número médio de propriedades em que há o cultivo da uva, que permanece na média de 1,8 mil.
Um dos fatores que podem ter influenciado na variação é a precisão possibilitada pelo uso de georreferenciamento, adotado de forma parcial nos vinhedos locais na última safra. Contudo, na avaliação do presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Moacir Mazzarollo, outro aspecto é ainda mais preocupante no que se refere à extinção de áreas vitícolas: a dificuldade para encontrar mão de obra, tanto familiar como de terceiros. O problema se agrava em época de safra, quando a demanda é muito grande para um curto espaço de tempo. “A colheita talvez seja hoje o principal motivo de abandono dos parreirais por parte do produtor. Por enquanto, pode não ser algo ainda tão grave, mas com certeza já nos preocupa”, afirma.
Mecanização
Um dos caminhos necessários para evitar um colapso no setor, segundo Mazzarollo, seria a mecanização do processo produtivo, especialmente a colheita. Hoje, essa modernização ainda é inviável, pois não há oferta de tecnologia para as plantações na modalidade latada (videira tradicional, no sentido horizontal), que abrange pelo menos 90% do total cultivado na Serra Gaúcha. Para os parreirais em espaldeira, erguidos verticalmente, já há maquinário importado que realiza o serviço, e é utilizado no Brasil desde 2011.
Sem esse avanço, o representante do Ibravin estima que reflexos perigosos comecem a ser sentidos na próxima década. “É o nosso grande desafio, encontrar alguma empresa que nos apresente essa revolução. Precisamos dessa tecnologia, e precisamos para logo. Se não surgir nada, em 10 anos teremos números bem mais significativos de redução da uva na Serra”, prevê Mazzarollo. Até lá, ele também projeta que o georreferenciamento possa ser estendido a todo o Estado, permitindo que se possa traçar um panorama ainda mais detalhado da produção vitícola em terras gaúchas.
Safra menor
Ainda sem números finais, o Ibravin já projeta uma safra que pode ser até 15% menor do que a anterior. Mazzarollo reconhece que a estimativa inicial – de colher 700 milhões de quilos – não deve se confirmar, chegando, no máximo, a 610 milhões. Por outro lado, apesar das perdas em quantidade, ocasionadas por ocorrência de granizo, por exemplo, a qualidade da uva é considerada superior à última colheita, com um teor de açúcar mais elevado, o que pode representar uma valorização maior da fruta junto às vinícolas.
Alguns dados de Bento
– Em crescimento de 2006 a 2009, a área cultivada de vinhedos apresentou, de 2010 em diante, uma redução. Na comparação entre 2012 e 2011, por exemplo, a diminuição chegou a 6,5%.
– Desde 1995, o número de propriedades em que há o cultivo de uva se manteve regular no município, em uma média de 1,8 mil. A exceção fica para o intervalo entre 2001 e 2003, especialmente 2002, em que foi verificada uma redução um pouco mais expressiva.
– De acordo com o cadastro, a área das propriedades teve em 2008 e 2009 um salto significativo com relação aos demais anos. Naquele período, passou de uma média de 22 mil hectares para 27,5 mil hectares, retornando, a partir de 2010, para os índices habituais.
Nova chefia na Embrapa
A Embrapa Uva e Vinho empossa na tarde desta sexta-feira, dia 4, a partir das 10h, o pesquisador Mauro Celso Zanus na chefia-geral da instituição. A solenidade contará com a presença do presidente nacional Embrapa, Maurício Lopes. Zanus, que é natural de Garibaldi e atua há 24 anos no órgão, assume o cargo que era ocupado por Lucas da Ressurreição Garrido.
Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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