O Farrapos virou referência no rugby brasileiro como um dos clubes que mais rápido ascendeu no cenário nacional. Em quatro anos, passou de coadjuvante do Campeonato Gaúcho à quinta força do país. Mais do que manter-se entre os grandes do Brasil, agora, o clube tem como ambição chegar ao topo, e para isso reforçou a qualificação do corpo técnico.
Pela primeira vez, o Farrapos terá um coordenador técnico. Trata-se do argentino Mario Oliva, 40 anos, que passou pela Itália como jogador e pela Espanha e Argentina como treinador. Seu último trabalho foi no comando do Tala Rugby Club, de Córdoba, um dos maiores clubes da Argentina.
Oliva coordenará todas as categorias do clube bento-gonçalvense, desde a base até o adulto. Além disso, dividirá o comando da equipe adulta com Carlitos Baldassari. Enquanto o uruguaio orientará os backs, Oliva será o responsável pelos forwards.
O argentino esteve em Bento algumas vezes nos últimos dois anos para trabalhos pontuais como consultor de forwards. Agora, volta à cidade para se integrar de forma definitiva ao atual pentacampeão gaúcho. “A gente sempre teve como planejamento profissionalizar a comissão técnica. O trabalho do Oliva não será focado apenas no adulto e no alto rendimento, mas também nas categorias de base”, ressalta o presidente do Farrapos, Luis Francisco Flores, o Tito. Segundo ele, a contratação de Oliva também visa consolidar o processo de formação de novos treinadores dentro do próprio clube. “Outra razão da contratação dele é ajudar a gente a desenvolver treinadores internamente, jogadores que já vão ficando mais velhos no clube e que gostariam de assumir alguma equipe. A grande carência no Brasil é treinadores de rugby. A gente tem pessoas, tem jogadores, tem atletas com genética boa, o que falta são treinadores. E você precisa de alguém com experiência para desenvolver essas pessoas, por isso também a gente decidiu trazer o Oliva”, conta o presidente.
Em 2014, o Farrapos encerrou o Super 10 na quinta colocação e igualou a melhor posição já alcançada pelo clube na elite nacional. Apesar da consolidação entre os cinco melhores do país, no entanto, jogadores, comissão técnica e direção lamentaram as chances desperdiçadas para ascender mais um degrau, sobretudo em partidas contra o Desterro, em Bento, quando o time abriu 12 pontos de vantagem, mas pecou em erros pontuais e acabou sofrendo a virada; e diante do Spac, em São Paulo, quando também foi irregular e não sustentou a vantagem que chegou a 14 a 3. Para Tito, a classificação às semifinais do torneio esbarrou em pequenos detalhes que poderão ser corrigidos de forma mais rápida com a ajuda do treinador argentino. “É uma questão de maturidade dos jogadores, tomada de decisão, de experiência, e a gente está trazendo um cara que vem de um dos maiores clubes da Argentina e tem muito para nos ajudar. O que nos deixou de fora de uma semifinal no ano passado foram detalhes, decisões mal tomadas no campo, coisas que a gente está aprendendo porque realmente somos um clube inexperiente. Por isso o nosso crescimento requer esse investimento, requer que a gente traga essa capacitação técnica para que consigamos evoluir”, afirma.
Além de Oliva e Baldassari, a comissão técnica do time na temporada será composta pelo preparador físico Guilherme Coghetto, pelo fisioterapeuta Marcel Zat e pelo manager Felipe Marini.
Prioridade ao XV
A reapresentação dos jogadores está agendada para o próximo sábado, dia 31, a partir das 15h, na velha Montanha. O primeiro compromisso oficial de XV ocorrerá no dia 15 de março, contra o Centauros, em Bento, pela abertura do Campeonato Gaúcho. O clube também tem convite para a disputa do Circuito Brasileiro de Sevens, mas decidiu abrir mão da competição para priorizar completamente a temporada de XV, que terá um calendário bastante exigente neste ano, sobretudo pela mudança no formato de disputa do Campeonato Brasileiro, com 14 partidas somente na primeira fase – cinco a mais que em 2014. Dessa forma, o Farrapos encerrará sequência de quatro participações seguidas na elite da modalidade olímpica. Um dos fatores que pesou na decisão foi a lesão do fullback Guilherme Coghetto em partida do último Brasil Sevens – campeonato antecessor do Circuito Brasileiro –, que o deixará pelo menos três meses ausente dos gramados. A direção teme que a participação no torneio possa expor os atletas ao risco de lesões e, por consequência, enfraquecer o elenco para o XV.
Mesmo sem a presença do Farrapos, no entanto, não está descartado que uma das duas etapas do Circuito ocorra em Bento, que tem a melhor estrutura para a prática do rugby no Estado. Por enquanto, a única definição é que elas serão disputadas no Rio Grande do Sul, nos dias 28 de fevereiro e 1º de março; e São Paulo, nos dias 14 e 15 de março. A oficialização das cidades deverá ocorrer na próxima semana.
O grupo de jogadores que disputará os compromissos da temporada será o mesmo de 2014, sem novidades. Segundo a direção, todos os interessados em praticar a modalidade e posteriormente ter a possibilidade compor a equipe formativa ou principal estão convidados a se integrar ao grupo a partir deste sábado. Para tanto, não há nenhuma cobrança de taxa, basta se apresentar no local e horário do treino. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail farrapos@farraposrugby.com.br.
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