Arthur Lira (PP-AL) é eleito presidente da Câmara dos Deputados
Com 302 votos, o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados em primeiro turno para o biênio 2021-2022. Como ele obteve a maioria absoluta (metade mais um) de votos dos presentes, com apoio da base do governo e 11 partidos, não haverá um segundo turno.
Em seu discurso antes da votação, Lira defendeu a previsibilidade na análise das propostas. Segundo ele, haverá reunião de líderes das bancadas às quintas-feiras a fim de elaborar a pauta, com a definição dos relatores, respeitada a proporcionalidade partidária.
Após quatro anos e sete meses à frente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) sofreu uma derrota política ao não conseguir eleger Baleia Rossi (MDB-SP) como sucessor e ver o DEM, seu partido, se reaproximar do presidente. Baleia obteve 145 votos. Em seu discurso de despedida, Maia chorou. “A partir desta eleição, o passado ficou para trás e nós precisaremos, unidos – eu na planície, no plenário, com muito orgulho – com cada um de vocês, construir o futuro do Brasil. Não pelos próximos dois anos, mas para os próximos 20 anos”, disse ele, ao tirar a máscara de proteção para enxugar as lágrimas.
Na Câmara, a votação desta segunda-feira, 01/02, ocorreu em clima tenso. Ao ocupar a tribuna da direita, antes de proclamado o resultado, Lira mandou recados a Maia, que estava a poucos metros de distância. “Por favor, olhem para a cadeira da presidência. Por acaso há aí um trono?”, provocou o candidato do Progressistas, insinuando que Maia se comportava como imperador. O trecho foi incluído de improviso no discurso pronto. “A Câmara não pode continuar sendo a Câmara do ‘eu’. Tem de ser a Câmara do ‘nós’", insistiu ele.
Baleia, por sua vez, afirmou que o governo interferiu na disputa do Congresso ao liberar, no fim de dezembro, R$ 3 bilhões em recursos extras do Ministério do Desenvolvimento Regional para 250 deputados e 35 senadores destinarem a obras em seus redutos eleitorais. Presidente do MDB, Baleia disse que isso ocorria enquanto muitos estavam atrás de verbas para os municípios, “com o pires na mão”, e dinheiro para a saúde. “Que país é esse que não se sensibiliza com 220 mil mortes?”, perguntou Baleia, que ocupou a tribuna da esquerda.
Filiada ao PSOL, a deputada Luiza Erundina (SP) classificou como “revoltante” o que chamou de “sangria” do dinheiro público, com a interferência do Planalto na eleição do Congresso. "Estarrecidos, acabamos de saber da enxurrada de bilhões de reais para regar as hostes dos deputados eleitores dos dois candidatos declaradamente governistas”, criticou Erundina.
O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) renunciou na última hora à candidatura lançada de forma avulsa e anunciou voto em Baleia. Erundina, Fábio Ramalho (MDB-MG), Marcel van Hattem (Novo-RS), General Peternelli (PSL-SP), André Janones (Avante-MG) e Kim Kataguiri (DEM-SP), porém, se mantiveram na disputa.