As peneiras de Sócrates

Mais uma vez me pego escrevendo sobre liberdade! Anseio de todos, usufruída por muitos, e pouco respeitada pela maioria. 

Ousado esse comentário, não?

Pois é… Afirmo, abaixo, em poucas linhas, que todos nós, de alguma maneira, temos a tendência a julgar os outros, mesmo que em pensamento. Quantas vezes nos perguntamos: mas por que fulano fez aquilo? Mas por que eu não fiz isso?

Pois bem, tudo na nossa vida se resume a escolhas. Claro que, às vezes, nossas escolhas também podem ter respostas simples e diretas como “sim” ou “não”.

Ouso afirmar, então, que a nossa liberdade também se resume a escolhas. Afinal, existe um ordenamento jurídico, baseado no senso comum, que define quais os limites da nossa liberdade, ou seja, aquilo que podemos ou não podemos fazer, certo? Certo!

Mas, Thiago, liberdade não é eu poder fazer tudo aquilo que eu quiser? Dizer tudo aquilo que eu quiser? Sim, é! Mas e por que existe um conjunto de regras que definem aquilo que eu posso ou não posso dizer ou fazer? Justamente porque eu posso fazer tudo aquilo que eu quiser. Porém, para algumas, há consequências. Ora, nosso Código Penal em nenhum momento nos proíbe de matar alguém. A Constituição Federal, por sua vez, tampouco me proíbe de matar alguém. Nessa, aliás, estão previstas as mais amplas liberdades, bem como a esmagadora maioria dos direitos que nós, brasileiros, ostentamos. 

O que existe, em ambos os livros da lei acima, é que, não sendo correto matar alguém, a menos que seja em uma das excludentes que a própria lei define, e que não vêm ao caso agora, para tal ato haverá uma punição. Assim, escolho não fazer, pela consequência, ou pela minha consciência de certo ou errado. Ou escolho fazer… Em ambos os casos, exerci meu direito de escolha, ou seja, a minha liberdade.

Então, quando escolho fazer o que eu quero, tenho que estar preparado para as consequências dessa escolha. Se liberdade é algo que me faz bem, por certo que seu exercício deve ser pautado também naquilo que é aceito como bem, pelo senso comum. Posso, sim, ter a minha opinião. Posso, sim, dizer o que eu quero. Posso, sim, fazer o que eu quero. Todavia, para tudo, há consequências. 

Trago aqui a alegoria das “três peneiras”, de Sócrates. Sempre que eu for dizer ou fazer algo, devo passar pelas peneiras da VERDADE, da BONDADE e da UTILIDADE, nessa ordem. Se a resposta for positiva para as três, por certo posso dizê-lo ou fazê-lo com liberdade. Caso contrário, lembremo-nos que Deus nos fez com duas orelhas e uma boca…

Até a próxima!

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