As pessoas não estão entendendo que não é só idoso que adoece, diz médica

 

Na live diária feita pelo Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, a médica infectologista Nicole Golin fez um alerta importante: entre os pacientes que estão internados na instituição com suspeita da doença há pessoas com idade a partir de 25 anos. "Hoje temos 6 pacientes em UTI, 2 confirmados para Coronavírus, todos com ventilação mecânica e quadro respiratório grave. Esses pacientes têm entre 42 e 84 anos. Há também casos internados em enfermaria, com pessoas entre 25 e 88 anos. Está chamando atenção a variabilidade da idade. Está muito rápida a quebra da crença de que só idosos adoeceriam. Alguns pacientes são de grupo de risco, mas há casos de pessoas saudáveis, como o de um professor de Educação Física de Caxias, sem nenhum problema de saúde, que teve a doença confirmada. Que fique bem claro: ninguém está livre. Separar só alguns grupos de risco tem tudo para dar errado”, alertou.


 

Ela também informou que abril deve ser um mês dramático para o Rio Grande do Sul. "A volta não lenta e não estruturada vai nos levar a um cenário semelhante ao que já está acontecendo em São Paulo, onde os velórios foram proibidos por lei. A pessoa morre e a família não pode nem ver o corpo. Se isso não servir para nos alertar, talvez a gente deva mesmo passar por isso", desabafou. "Não ter direito a ficar do lado de um familiar quando ele morrer é uma catástrofe social", complementou.


Quanto à retomada gradativa das atividades, Nicole foi enfática: “A economia precisa ser retomada, sim, mas tecnicamente não pode voltar tudo junto. Nas indústrias não pode ter buffet, não pode ter aglomeração nem no almoço, nem no transporte. Tem que voltar a atividade econômica, mas regrado. Não é hora de voltar academia, salão de beleza, bar, boate, opções de lazer. “Está ficando bem pesado e é só o início. Infelizmente tem muita gente achando que tudo vai voltar ao normal no dia 6. Nossas vidas nunca mais serão as mesmas. Não temos viés político e não queremos ser alarmistas, mas informação é algo que podemos oferecer nesse momento", comentou.

 


 

Ela também falou que os números – 9 confirmados e 247 suspeitos em Bento Gonçalves – não dizem nada em momentos em que não se tem testes para confirmar. “São mais de 200 casos monitorados, mas provavelmente a disseminação já está muito maior e vai piorar. As atividades vão ser retomadas dia 6, as pessoas vão voltar, não vão dar importância para uma dor de garganta, por exemplo, e vão sair disseminando o vírus, sendo estopim”, lamentou.

A infectologista também informou que o quadro de saúde do primeiro paciente que teve o diagnóstico confirmado em Bento é tão grave que ele não pôde ser trocado de lugar nem mexido no leito. “Por menos que se goste de escutar, é a realidade. Estamos muito preocupados com o aumento da procura ao hospital de casos que não são urgência ou emergência e com a piora rápida de pacientes com sintomas”, finalizou.

 

Clique aqui para conferir a live, na íntegra.

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