As várias formas de se ver a mesma coisa

Mais uma vez, nesta semana, me vi surpreendido por uma notícia chocante. Aliás, sem exagero, tenho sido surpreendido tão frequentemente por notícias chocantes que às vezes chego a ter até medo de perder a capacidade de ficar chocado com elas. 

Em meio a uma pandemia, cujo número de mortos já passa de um milhão no mundo inteiro, conforme dados oficiais, notícia de capa de jornal de grande circulação no Estado do Rio Grande do Sul, que dava conta da remessa, por países estrangeiros, de sementes contaminadas, atingiu-me como se fosse um soco na cara. Isso no mesmo dia que, ao mesmo tempo em que meu querido amigo Vinicius Lima e eu almoçávamos e nos deleitávamos com uma menina de pouco mais de três anos de idade nos alcançando um prato de batatas fritas em um restaurante, querendo “ajudar”, sentindo-se útil, como nós mesmos fazíamos nas nossas infâncias, com nossos pais. 

A contaminação das sementes, da mesma forma que pode ser inofensiva, despropositada e descuidada, pode ela também ser uma arma biológica de destruição em massa. Ora, quem um dia irá dizer que sim? Ou que não? Quem um dia irá comprovar ou deixar transparecer ao senso comum que a pandemia foi, ou não foi criada ou disseminada para tal? Teorias há de todos os lados e para todos os gostos. Eis, aqui, dois lados da moeda! 

A situação da criança, da mesma forma que, para nós, criados e ensinados para trabalhar, comprar uma casa, casar e ter filhos, e normalmente nessa ordem, bem como apaixonados por crianças que somos, nos chamou a atenção como sendo um gesto lindo, fascinante, outros, mal intencionados ou com olhos sem ternura, podem ter visto isso como “exploração” da criança. Sim, criança deve brincar. Criança tem o direito de ser criança, como dizia campanha de outra rede nacional de comunicação. Então, é necessário diferenciar o trabalho infantil, a exploração do menor, vedado por lei, de uma brincadeira de criança que, ao mesmo tempo em que mostra para ela o valor do trabalho, ocupa seu tempo com o aprendizado das lides domésticas e também, quiçá, de um ofício. 

Nominaria aqui amigos meus de infância que trabalhavam com seus pais ou na empresa da família ainda antes de completar a idade mínima para tanto e que estão longe de terem sido explorados ou perdido a sua infância ou estudos trabalhando. Aprenderam, sim, a importância de um ofício! Mais que isso, muitas vezes aprenderam um ofício, por eles exercido até hoje. 

E isso vale para tudo! Ou quase tudo… 

Até a próxima!
 

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