Asma: esclareça dúvidas sobre medicamentos

Segundo o Ministério da Saúde, a doença mata cerca de 2.500 pessoas por ano. De acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma, estima-se que existam mais de 22 milhões de asmáticos no Brasil. Anualmente, ocorrem cerca de 160 mil internações pela doença no Brasil, sendo a 4ª causa de hospitalizações no país. Esse número pode diminuir se a asma for controlada corretamente, não só melhorando o ambiente em que o paciente vive, como ministrando os medicamentos adequados – em sua maioria oferecida gratuitamente pela rede pública de saúde. 

Para entender como funcionam os remédios para asma, é preciso ter em mente que o pulmão do asmático é diferente de um pulmão saudável. “É como se os brônquios do paciente fossem mais sensíveis, inflamados e reagissem ao menor sinal de irritação”, explica o pneumologista Roberto Rodrigues Junior, de Brasília. Se pensarmos em uma pessoa sem a doença, ela sofrerá uma falta de ar quando estiver exposta a grandes irritações, como a fumaça de um incêndio. “Diante desse quadro, o organismo da pessoa identifica os agentes irritantes e faz com que a musculatura que existe em volta do brônquio se contraia, fechando o órgão e impedindo que o ar contaminado entre nos pulmões”, diz o pneumologista Roberto. O mesmo processo acontece com um paciente que tem asma, só que os gatilhos para causar uma irritação nos brônquios são bem menos graves, como a poeira. Por isso é importante que ele faça um tratamento adequado e medicamentoso, tanto para controlar as crises quanto para evitar que elas aconteçam. Esclareça as principais dúvidas sobre o assunto.

Os broncodilatadores ajudam a tratar a asma?

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Não, eles servem para aliviar uma crise de asma, mas não para preveni-la. Durante uma crise de asma, você tem o fechamento dos brônquios, impedindo a entrada de ar nos pulmões. Os broncodilatadores servem justamente para relaxar essa musculatura dos brônquios, permitindo que o ar entre nos pulmões novamente. “Essas medicações têm início de ação rápido, gerando um alívio imediato ao paciente”, explica o pneumologista. Vale lembrar que nenhum desses é um tratamento preventivo. “É necessário um medicamento de uso contínuo que diminua a inflamação dos brônquios, fazendo com eles não se irritem tão facilmente”, diz Roberto. 

Existe mais de um tipo de medicação para controle da asma?

Sim, existem diferentes remédios para tratar a asma, que podem ser ministrados por diversas vias. Os mais utilizados são os corticoides aplicados por inalação ou via oral. “No entanto, os orais não costumam ser recomendados, pois qualquer remédio ingerido vai para a corrente sanguínea, chegando a todas as partes do corpo quando é necessário que alcance apenas os pulmões, aumentando o risco de efeitos colaterais”, lembra o pneumologista. De acordo com o especialista, 95% dos casos de asma podem ser controlados com o uso de corticoides. 

O grau da doença interfere na escolha do tratamento?

Sim. Medicamentos orais são indicados apenas para casos mais graves, que não foram estabilizados apenas com o uso de broncodilatadores ou corticoides por meio inalatório. “Por isso é importante não ignorar os sintomas se eles persistirem e conversar com seu médico “, alerta o alergista Clóvis Eduardo Santos Galvão, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia da regional São Paulo.  

É possível associar medicações contínuas com os broncodilatadores?

Essa é justamente a prática que deve ser adotada. Os medicamentos contínuos servem para deixar o quadro o mais estabilizado possível, diminuindo o número de crises e, por consequência, a necessidade dos broncodilatadores. “No entanto, se mesmo com o uso da medicação a pessoa ainda sofre crises ocasionais, é importante estar com o broncodilatador em mãos”, ressalta o alergista Clóvis. 

Os medicamentos podem ser indicados a pacientes de qualquer idade?

Sim, com exceção do injetável omalizumabe, cuja idade mínima é de seis anos. Segundo os especialistas, para todos os outros casos são ministradas doses ou associações diferentes conforme a idade, inclusive a bebês. 

Como saber se o paciente precisa de um medicamento de uso contínuo?

Se você usa o broncodilatador várias vezes ao dia, é um sinal de que a sua asma está descontrolada e precisa de outras medicações. “O maior risco que uma pessoa que tem várias crises e usa apenas o broncodilatador corre é o de mascarar uma crise mais grave”, alerta o pneumologista Roberto. Isso pode fazer com que você subestime a intensidade do quadro, ignorando sua gravidade e vindo a sofrer consequências alarmantes, como uma asfixia, pois somente o broncodilatador pode não dar conta da crise. “Pessoas que usam mais do que três ou quatro vezes em um único dia devem procurar um pronto-socorro ou ligar para seu médico, a fim de buscar formas de tratamento da doença como um todo, não apenas da crise.” 

Uma vez que o quadro está controlado, o paciente pode suspender a medicação?

Vai depender do paciente e da opinião do médico. Se ele perceber que o asmático está apresentando melhoras, a tendência é diminuir a dose da medicação, até que, em alguns casos, passe a ser necessário apenas o broncodilatador para as crises ocasionais. “No entanto, é de extrema importância que esse acompanhamento seja feito pelo médico, e o paciente nunca deve deixar de tomar a medicação por conta própria”, ressalta o pneumologista Roberto.


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