Há quase um ano sem atendimentos, os autistas de Bento Gonçalves voltarão a contar com atividades em um espaço próprio na próxima segunda-feira, dia 16. A causa foi assumida por um grupo de empresários que criou a Associação Pró-autistas Conquistar (Apac), em substituição à Associação Gota D’Água, que fechou as portas em junho do ano passado por necessidade de reordenamento administrativo. “É a melhor emoção dar um pouco do nosso tempo para quem precisa. Os autistas são muito inteligentes, só precisam de estímulo para se socializar”, resume o presidente da Apac, Rafael De Toni.
A direção da entidade conta com vários nomes de empresários que compunham a diretoria da ExpoBento 2014. De Toni explica que o envolvimento com a causa surgiu com a vinda para o município do ex-técnico da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari, o Felipão, na ocasião do lançamento da ExpoBento. O treinador abriu mão do cachê de R$ 20 mil e deixou a diretoria com a incumbência de destinar o valor para alguma instituição assistencial do município. Surgiu, assim, o desejo de repassar a quantia para a Gota D’Água. “Visitamos a entidade, mas do jeito que estava não tínhamos como fazer a doação. Tivemos a ideia de então assumir a causa”, conta.
Foram dois meses de planejamento até que fosse definido o modelo de atividades a ser desenvolvido. A entidade busca inspiração em escolas de outros municípios voltadas especialmente para o atendimento de autistas. As atividades serão retomadas no mesmo local onde a Gota D’Água estava sediada, ao lado do Ginásio Municipal de Esportes.
Neste primeiro momento, serão quatro profissionais destinados ao atendimento de 20 autistas, todos com mais de 18 anos. Os encontros ocorrerão três vezes por semana, nas segundas, quartas e sextas. A intenção é no futuro aumentar o número de profissionais, possibilitando o atendimento também para crianças e adolescentes. Investimentos na estrutura da sede, como a construção de uma piscina, por exemplo, também estão nos planos.
Em 2014, a Gota D’Água prestou atendimentos de janeiro a maio, custeados pela própria entidade. Os repasses públicos haviam sido suspensos por questões administrativas dentro da associação. A decisão por cessar os atendimentos foi tomada em conjunto com os pais e a antiga diretoria.
Conforme o presidente, a intenção é que a nova associação seja autossustentável, não dependendo apenas de repasses públicos para se manter. Os R$ 20 mil doados por Felipão ainda não foram usados, já que os investimentos necessários neste período de reestruturação foram assumidos pela diretoria.
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