Atualizado para 82 o número de trabalhadores resgatados em fazendas de arroz, em Uruguaiana
Entre os trabalhadores encontrados em situação degradante, havia 11 adolescentes
De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) atualizou para de 56 para 82 o número de trabalhadores resgatados em situação análoga à de escravidão em duas fazendas de arroz, no interior de Uruguaiana. O resgate ocorreu na última sexta-feira, 10/03.
Desses, 11 são adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. Com a atualização, o caso se tornou o segundo maior resgate de trabalhadores registrado no Estado, atrás apenas dos 207 encontrados em Bento Gonçalves, em fevereiro.
De acordo com o MPT, em todo o Rio Grande do Sul, já são, até agora, 291 trabalhadores resgatados em 2023.
Operação conjunta
Os resgates foram realizados em uma operação conjunta realizada pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Polícia Federal de Uruguaiana nas estâncias Santa Adelaide e São Joaquim, em Uruguaiana, após uma denúncia informar a presença dos jovens na propriedade, em trabalho irregular e sem carteira assinada.
O grupo móvel de fiscalização se dirigiu ao local e encontrou não apenas os adolescentes, mas trabalhadores adultos em situação análoga à escravidão. Ao todo, foram 82 os resgatados – 54 deles encontrados na Santa Adelaide e 28 na São Joaquim.
Segundo o MPT, o grupo de trabalhadores era contratado para fazer o corte do arroz vermelho, gramínea daninha que prolifera junto ao arroz cultivado e provoca perdas à lavoura. Esse manejo era feito com instrumentos que os próprios trabalhadores deveriam providenciar, sendo muitos usavam apenas uma faca de serra de cozinha – e com a aplicação de agrotóxicos, e em ambos os casos era feito sem nenhum equipamento individual de proteção.
Também fazia parte das atribuições dos trabalhadores a aplicação de veneno pelo método de “barra química”, em que dois trabalhadores aplicam o agrotóxico usando uma barra metálica perfurada conectada a latas do produto, um tipo de atividade que exige equipamentos individuais de proteção, que não eram fornecidos.
Além disso, os trabalhadores muitas vezes precisavam caminhar 50 minutos, embaixo do sol, até chegar ao local de trabalho. As vítimas também relataram que recebiam R$ 100 por dia, mas a comida e as ferramentas de trabalho eram por conta deles próprios.
Número de resgatados no Rio Grande do Sul
2013: 44
2014: 1
2015: 32
2016: 17
2017: 6
2018: 0
2019: 2
2020: 5
2021: 76
2022: 156
2023: 290