Aumento de furtos e roubos volta a assustar a comunidade em Bento Gonçalves

Nos últimos meses, Bento Gonçalves tem registrado um aumento significativo nos casos de furtos e roubos, principalmente àqueles ligados a estabelecimentos comerciais e veículos. Conforme dados da Brigada Militar, entre janeiro a maio deste ano, houve aumento de 80% nos casos de furto a comércio e 28,57% naqueles envolvendo furto de veículos. Dados da 2ª Delegacia de Polícia de Bento (2ª DP) também apontam o crescimento nos números. Entre janeiro a maio, foram 35 casos de furto a veículo encaminhados à delegacia – aumento de 16% em relação ao ano passado. 

Outro crime recorrente nos últimos meses é o roubo a pedestre. Até maio deste ano, a 2ª DP havia atendido 46 desses casos. Neste mês de junho, em apenas um dia, dois homens foram vítimas de roubos a pedestre em um intervalo de cerca de cinco horas. O fato aconteceu no dia 20/06. O primeiro por volta das 16h20 na rua Pernambuco, bairro Humaitá. Um homem de 25 anos relatou em boletim de ocorrência que estava caminhando em via pública quando foi abordado por um indivíduo armado com uma faca. O criminoso teria exigido dinheiro da vítima, que afirmou não ter. Com isso, o criminoso acabou levando seu telefone celular e fugindo a pé do local.

Mais tarde, por volta das 21h45, um jovem de 18 anos estava caminhando pela Fortaleza, sentido bairro Cidade Alta, quando foi surpreendido por dois homens, também armados com uma faca. Eles anunciaram o assalto e levaram sua jaqueta de couro. Na sequência, fugiram em direção aos trilhos da Maria Fumaça. 

Apesar de muito dos responsáveis pelos crimes neste ano ainda não terem sido identificados, o delegado da 2ª DP, Rodrigo Morale, afirma que as investigações estão avançando positivamente. “No ano de 2021 já foram indiciadas 108 pessoas em decorrência de investigações realizadas pela 2ª DP. Sendo que 67 destes indiciamentos são relativos aos crimes contra o patrimônio que abrangem os delitos de roubo, extorsão, furto, receptação, estelionato, entre outros”, informa. Até meados do mês de maio, a 2ª DP era encarregada das investigações relativas aos crimes de furto e roubos. Agora, as ocorrências também são atendidas pela 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP), que também tem percebido recorrência nos casos.

O que tem provocado o aumento?

Na opinião da delegada da 1ª DP, Maria Isabel Zerman Machado, o aumento nos casos de roubos e furtos pode ter ligação com o crescimento das apreensões. “Um dos motivos pode ser esse de fato. O pessoal está tendo vários prejuízos e, como não tem renda, escolhe esse meio”, analisa. “Outro motivo seria o aumento dos usuários, principalmente de crack, que também não tem como pagar pela droga e acabam furtando ou roubando”, complementa. 

A delegada ainda cita a recorrente soltura dos presos, principalmente aqueles acusados de roubos e furtos. “A reincidência é um fator grande”, comenta. Conforme Maria Isabel, o Judiciário tem optado pela soltura de alguns dos presos por conta da COVID-19, tendo em vista as condições insalubres dos presídios. “Também se leva em consideração casos em que os furtos cometidos não são caracterizados por violência grave, por ameaça à pessoa. Além dos antecedentes. Às vezes não tem sentença condenatória transitada em julgado, somente inquéritos”, acrescenta.  

Conforme a delegada, as DPs de Bento têm trabalhado em ações estratégicas para localizar os criminosos, além de tentar manter essas pessoas presas. “Estamos apurando câmeras de vigilância e localizando testemunhas”, afirma. 


Foto ilustrativa. Crédito: Unsplash
 

Aumento das apreensões

Dados da Brigada Militar até maio deste ano indicam um alto crescimento nas apreensões de drogas em Bento Gonçalves. Em relação à maconha, por exemplo, apenas nos primeiros meses deste ano já foram apreendidos 39kg, o que representa 66% do total de todo o ano passado. Já as apreensões de crack tiveram um aumento de mais de 600% até maio, quando foram apreendidos 19 kg. Em todo o ano passado, foram 3kg apreendidos. 

Questionado sobre o que teria levado ao aumento das apreensões, o comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º BPAT), tenente-coronel Luis Fernando Becker, afirma que a BM tem realizado uma série de operações, contando com o apoio do BPChoque de Caxias do Sul e Porto Alegre. “Estamos exercendo atividades direcionadas ao combate do tráfico de drogas e retirada de armas de criminosos”, revela. No total, 44 pessoas foram presas por tráfico de drogas desde o início deste ano.

Conforme o comandante, Bento é caracterizada por um alto poder aquisitivo, o que a torna um foco diante do tráfico de drogas. “Esse crime está inserido em Bento de uma maneira contundente. Existem bastantes pontos de tráfico espalhados pela cidade e que, cada vez mais, isso se vislumbra pela quantidade de drogas apreendidas, que vem aumentando”, analisa. 

Ainda na visão do comandante, os crimes de furto, em sua maioria, têm relação com o tráfico de drogas e a posse de drogas. “Há criminosos de cidades vizinhas que cometem os delitos e retornam para suas cidades”, comenta. Segundo Becker, em alguns casos relativos ao furto, por exemplo, veículos levados de Bento Gonçalves foram localizados, abandonados, em cidades vizinhas.  

Crescimento a nível estadual

Na última sexta-feira, 25/06, uma operação conjunta das forças de segurança estaduais e federais em atuação no Rio Grande do Sul incinerou 7,6 toneladas de drogas apreendidas no Estado em ações de combate ao narcotráfico neste ano.

Foram 6,2 toneladas de cocaína, crack, maconha e drogas sintéticas recolhidas pela Brigada Militar (BM), Polícia Civil (PC) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), mais 1,4 tonelada de maconha e cocaína localizadas pela Polícia Federal (PF).

Conforme o Estado, a ação evidencia o empenho das forças de segurança no combate ao narcotráfico, que resultou em aumento significativo do volume de drogas apreendido neste ano no Rio Grande do Sul.

Conforme os indicadores de atividade monitorados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), somados os volumes de cocaína, crack e maconha recolhidos por PC e BM entre janeiro e maio de 2021, o total é de 12,2 toneladas, 40% acima das 8,1 toneladas apreendidas no mesmo período do ano passado.

Dados da PRF também indicam elevação nos volumes apreendidos. Na mesma comparação dos cinco primeiros meses de cada ano, somadas as quantidades de maconha, crack e cocaína, o total recolhido passou de 8,7 toneladas em 2020 para 14,3 toneladas em 2021, alta de 63%. Nas apreensões feitas pela PRF, o material é encaminhado à PC ou a PF, conforme a natureza da ocorrência.

Pela PF, a soma de apreensões de maconha e cocaína subiu de 1,3 tonelada para 4,2 toneladas na comparação dos primeiros semestres deste ano e do anterior. Com a incineração de sexta-feira, 25/06, que integra a Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas, somente em material apreendido pela instituição, foram destruídas 54,4 toneladas de drogas no RS nos últimos cinco anos.