Autoridades da Serra propõe mais liberdade aos médicos no tratamento da COVID-19
Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, o nome de diversos medicamentos aparentemente eficazes no tratamento da COVID-19 passaram a ser divulgados na mídia e nas redes sociais. A hidroxicloroquina e a Ivermectina são um deles. Entretanto, os efeitos adversos desses remédios têm gerado polêmicas e levado autoridades e órgãos de saúde a se posicionarem contra sua utilização. Essa reviravolta, segundo o presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) e prefeito de Cotiporã, José Carlos Breda, tem criado “embaraços para médicos que queiram aplicar” as medicações.
Dessa forma, o Ministério Público Federal (MPF), por meio do procurador Alexandre Schneider, juntamente aos prefeitos da região da Serra Gaúcha, estão elaborando um protocolo para possibilitar mais liberdade aos médicos.
De acordo com Breda, o objetivo é “deixar claro” que os profissionais podem receitar medicamentos desde a fase inicial da COVID-19. “Esse protocolo irá indicar que nós, prefeitos, damos toda liberdade para os profissionais médicos, para que a decisão seja deles, junto com o paciente, de ministrarem a medicação que entenderem mais apropriada para o caso”, explica.
A iniciativa partiu do MPF, com base no entendimento de que seria necessário buscar uma alternativa para o tratamento da COVID-19. “Constatamos que havia uma falha do poder público em não adotar um tratamento precoce, ou seja, no início dos sintomas”, afirma o procurador Alexandre Schneider.
A criação do protocolo foi discutida em reunião online na semana passada, quando foram expostos exemplos que apresentaram resultados positivos. É o caso do município de Porto Feliz (SP), o qual começou a aplicar o tratamento precoce e conseguiu reduzir o número de internações hospitalares. “Quando a gente tem depoimentos, exemplos práticos que deram resultado e evitaram grande sofrimento, temos que seguir o exemplo. Porque precisamos limpar esses receios de tanto ouvir manifestações contrárias ao tratamento precoce. Virou uma questão política e quem está pagando caro é a população”, analisa Breda.
O protocolo ainda está sendo elaborado e deverá ser finalizado ainda nesta semana. “Ele já está praticamente pronto, faltam apenas alguns pequenos ajustes e alguns debates”, afirma Schneider. A ideia é que o documento passe pelo aval do Ministério Público, dos prefeitos da Amesne e da classe médica. “Depois nós vamos disponibilizar treinamento aos médicos, a fim de que os novos profissionais se sintam mais seguros”, explica José Carlos Breda. “Porque seguir essa questão do ‘fique em casa e apenas procure o médico quando tiver sintomas mais graves’ pode ser um pouco tarde demais”, finaliza.
Foto: Agência Brasil