Bento conta com o Grupo Braços Abertos para ajudar dependentes químicos

Grupo é formado por mais de vinte voluntários, todos treinados e certificados na área de dependência química, prontos para atender, de forma gratuita, quem precisa de apoio

Foto: Divulgação

Reconhecida como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química consiste nas consequências físicas e mentais geradas pelo abuso de substâncias nocivas ao organismo.

A luta para abandonar a dependência química não é considerada uma tarefa fácil. É um processo que além de força de vontade, exige, muitas vezes, ajuda de terceiros.

Pensando nisso e conhecendo essa realidade, surgiu, em maio deste ano, o grupo de mútua ajuda chamado Braços Abertos, em Bento Gonçalves, em parceria entre o OBPC Bento e a Cruz Azul no Brasil.

O coordenador do grupo, Kelvin Alves, explica que a ideia de fundar o Braços Abertos surgiu a partir da observação e da constatação da difícil realidade que muitas famílias enfrentam por conta da dependência química.

“Além de um senso de consciência de se importar com o próximo, sair da zona de conforto e deixar um legado nessa vida, para que ela não seja ocupada apenas com coisas fúteis e superficiais, uma vida vale mais do que o mundo inteiro”, afirma.

Embora recente, o grupo já conta com o apoio de 22 voluntários, todos treinados e certificados na área de dependência química. Além de contar com o apoio direto da Cruz Azul, que fornece atendimento psicológico e auxílio didático.

“Até o momento, já são quatro famílias assessoradas, e já possui resultados positivos, que por menores que sejam, são o combustível que nos dá força para continuar na certeza de que existe esperança”, afirma.

Atendimentos

De acordo com Alves, as reuniões são informais, baseada em conversas e mútua ajuda. Além disso, o acompanhamento pode variar em cada caso.

“Em casos mais extremos, contamos com a parceria da secretaria Municipal de Saúde, através do CAPS AD. Vale salientar que Bento Gonçalves é referência no país, por ter uma Comunidade Terapêutica, onde as despesas são custeadas pelo próprio município”, salienta.

O assessoramento é para o dependente químico, mas também para a família, chamada de co-dependente, que segundo Alves, tem papel fundamental no processo de recuperação.

“É de extrema importância que a família também seja acompanhada, aprenda sobre a doença da dependência química. Somente com uma união de esforços, alcançamos os melhores resultados na recuperação”, destaca.

Desafios

Conforme o coordenador do Braços Abertos, o maior desafio do grupo é conseguir fazer a separação entre a vida pessoal e a vida das pessoas que estão sendo acompanhadas, uma vez que acaba-se criando um vínculo de amizade entre os dois lados.

“Não podemos ultrapassar os limites que cabem ao grupo, não podemos tomar decisões por eles, a decisão de mudar precisa partir deles, e quando isso não acontece, acabamos nos frustrando um pouco, mas sabemos que fizemos tudo que estava ao nosso alcance”, afirma.

Já do outro lado, o maior desafio é a luta diária contra a abstinência, a falta que a droga gera no organismo do dependente químico.

“Mesmo com a decisão de parar de usar, o corpo exigirá a substância, é uma luta terrível, e é muito difícil de vencer, mas muitos casos já temos de vitória, e essa é a esperança que nos move a continuar, mesmo quando a própria pessoa já desistiu, nós não podemos desistir. O que nos move é muito maior do que a dificuldade, e é a fé em Deus”, garante.

Cruz Azul

O grupo Braços Abertos trabalha em parceria com a Cruz Azul, uma entidade sem fins lucrativos, voltada para a promoção da vida sem drogas, reconhecida como Centro de Referência em Dependência Química (CEREDEQ).

O órgão, fundado em 23 de junho de 1995, com sede em Blumenau, município de Santa Catarina, filiada a Cruz Azul Internacional, está presente em mais de 38 países.

Seus serviços e programas de atendimento destinam-se a todas as pessoas, sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidade, estado civil, profissão, credo religioso ou político.

Dados da Cruz Azul internacional baseados em pesquisas realizadas na Alemanha e na Irlanda apontam que 80% dos casos de pessoas que conseguem se libertar do vício, participavam de grupos de apoio.

“Existe esperança, com uma união de esforços, é possível mudar realidades, com a união da família, do grupo de mútua ajuda, da fé e espiritualidade, ciência e órgãos de saúde. Não são poucos os testemunhos de libertação e transformação”, finaliza Alves.

Precisa de ajuda?

As reuniões do grupo ocorrem todas as quintas-feiras, a partir das 19h30, na rua Nunciante Antinolfi, número 435, no bairro Municipal, em Bento Gonçalves.

Não é necessário realizar agendamento para participar dos encontros.

O contato do grupo Braços Abertos é (54) 99143-4740  (54) 99910-9649.