Bento-gonçalvenses desafiam o Paris-Brest-Paris
Dirigir por 1.200 quilômetros com períodos de no máximo duas horas de sono a cada 350 quilômetros aproximadamente seria, naturalmente, uma jornada desgastante. Imagine, então, encarar esse desafio sobre uma bicicleta, com circunstâncias climáticas que podem ser as mais diversas possíveis? Pois cinco ciclistas de Bento estão entre as mais de seis mil pessoas de 67 países que decidiram encarar o Paris-Brest-Paris 2015 a partir do próximo domingo, dia 16, na França.
Não trata-se de vencer um ao outro, sequer pódio há na prova organizada a cada quatro anos pelo Audax Clube Parisien. O desafio de Fabiano Massutti, 36 anos, Rodrigo Rubbo, 38, Cassiano Grando, 34, Ernani Tomedi, 37, e Paulo Furlanetto, 46, consiste em superação pessoal. Para ter a chance de encarar o Paris-Brest-Paris, eles precisaram cumprir por dois anos consecutivos quatro provas do Audax no Brasil: 200 quilômetros em 13 horas e 30 minutos, 300 quilômetros em 20 horas, 400 quilômetros em 27 horas e 600 quilômetros em 40 horas. O empresário Fabiano Massutti relata que o objetivo inicial não era chegar à França, mas uma jornada acabou levando à outra. “O ciclismo é sempre um desafio de atingir uma distância cada vez maior. Começa pedalando 5 km, e aí está fazendo 10 km, 15 km… Qualquer que seja o ciclista, em qualquer modalidade, ele estará sempre se desafiando a algo maior. Isso é uma coisa do ciclismo, e, nessas longas distâncias, com provas que gradativamente vão aumentando, o ciclista naturalmente vai evoluindo. É uma coisa natural, começa com os 200 km, nos 300 km já tem que virar a noite, e assim vai. Eu acho que é uma loucura prazerosa, digamos assim”, revela.
O Brasil terá, neste ano, 116 representantes no Paris-Brest-Paris, incluindo 33 gaúchos. A maioria dos brasileiros que disputou as últimas edições acabou não resistindo à jornada. Em 2007, foram 22 inscritos, dos quais apenas dois completaram. Em 2011, 26 dos 54 brasileiros que iniciaram o percurso ficaram pelo caminho. Os cinco ciclistas de Bento podem ser os primeiros representantes não apenas da cidade, como também da Serra Gaúcha, a completar a extenuante maratona, mas estão conscientes das adversidades que terão pela frente. “Acho que a maior dificuldade será psicológica, pois serão quatro dias de prova, dias e noites em cima da bicicleta pedalando. Ou seja, teremos duas batalhas pela frente: uma com a cabeça e outra com o corpo”, projeta o representante comercial Cassiano Grando.
Eles estão convictos, no entanto, de que o sacrifício que iniciou com as provas no Brasil e também incluiu rotina regrada de treinos físicos, pedaladas e alimentação, além do investimento financeiro – apenas o pneu da bicicleta custa R$ 380 –, terá um final recompensador. Os aventureiros bento-gonçalvenses não têm dúvidas: a jornada que encerrará na França já deixou lições que fizeram todo o esforço valer à pena. “Você aprende, por exemplo, o que é parceria de verdade, de estar no meio do nada, com problemas, e um colega de prova parar para ajudar, gastando um tempo que não deveria; ou então percebe um colega sem câmara, empresta a sua e segue em frente. Além da superação pessoal, você também aprende a ajudar as outras pessoas a cumprir os objetivos delas. A noção de companheirismo e amizade é uma coisa absurda nessas provas, e isso é algo que a gente também acaba levando para o dia a dia”, ressalta Massutti.
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