Bento-gonçalvenses querem menos poluição

O futuro das águas na região vem sendo motivo de preocupação em Bento Gonçalves. A crescente demanda por abastecimento e a poluição, cada vez mais presente nos principais rios e arroios, motivam iniciativas que podem trazer mudanças para a maneira como a água é tratada hoje. Uma audiência pública e a movimentação de uma entidade ambientalista revelam que a prioridade para a população, como não poderia deixar de ser, é a garantia do abastecimento. 

O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Taquari-Antas, realiza uma série de consultas públicas para a discussão de prioridades para a região que reúne usuários da água, ambientalistas, estudiosos e pessoas interessadas para tratar de uma questão básica: “que rio nós queremos?” As respostas para essa questão vão fazer parte do plano da bacia, que regrará a utilização das águas do Rio das Antas e seus afluentes.

Em Bento Gonçalves, a população escolheu, no dia 22 de março, a priorização do abastecimento público e a manutenção da água em níveis de qualidade de classe 1 e 2, os mais altos na escala de quatro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O comitê admite: chegar lá será um grande esforço e exigirá uma mudança profunda na região.

Segundo o presidente do comitê, Daniel Schmitz, a bacia do Rio das Antas recebe 21,9 mil toneladas de cargas orgânicas por ano. A maior parte desse esgoto tem origem na pecuária, mas na região de Bento Gonçalves os resíduos urbanos aparecem em quantidade maior. Em toda a bacia, existem 10,4 mil empreendimentos industriais licenciados.

A demanda por água é muito grande na região. Para o abastecimento público, são necessários 104 bilhões de litros por ano. O setor industrial utiliza mais 30 bilhões de litros e a pecuária, 72 bilhões de litros anualmente. E a agricultura irrigada retira a maior parte da água: 188 bilhões de litros. Apesar dos altos números, para Schmitz a situação é tranquila. “Toda a bacia está com um comprometimento muito baixo em relação à quantidade de água.”

Abastecimento é motivo de preocupação

A Associação Bento-Gonçalvense de Proteção ao Ambiente Natural (Abepan) está manifestando preocupação com o futuro do abastecimento de água para a população. A entidade quer determinar medidas para que o crescimento de Bento e também de Farroupilha não resulte, no futuro, em falta de água. Para o presidente, Luiz Augusto Signor, o abastecimento deficiente não geraria apenas os transtornos óbvios da falta de água, mas também prejuízos de ordem comercial e para o desenvolvimento da cidade.

Signor quer que a prefeitura e o governo do Estado tomem medidas para evitar o problema, como a construção de novas estações de tratamento e ampliação de redes e reservatórios. Ele procurou o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves para pedir apoio na negociação da questão com outros municípios, como Farroupilha, onde estão localizadas as nascentes dos arroios que garantem o abastecimento de Bento Gonçalves.

O prefeito de Bento Gonçalves, Roberto Lunelli, afirma com convicção: a preocupação é desnecessária, já que a Corsan tem projetos para a melhora da rede na cidade e a atual capacidade dos reservatórios dá conta da demanda. “Bento não vai ter problemas de água nos próximos anos. A água está garantida”, promete Lunelli.

Plano de bacia

A série de consultas públicas organizadas pelo Comitê de Gerenciamento da Bacia Taquari-Antas tem como objetivo coletar opiniões sobre os usos da água na região. Para votar, os participantes colam etiquetas em um mapa da bacia hidrográfica indicando o que querem para aquele local. Dentre as escolhas, estão a reserva para abastecimento, a utilização da água para geração de energia elétrica, a destinação de espaço para o despejo de esgoto e a preservação para a prática de esportes.

Essas opiniões serão avaliadas para a confecção do plano da bacia, que regrará os usos das águas. O documento apontará o que pode ser feito em cada ponto da extensão do rio e as regras para a utilização da água.

A próxima audiência acontecerá em Caxias do Sul no dia 12 de abril. O encontro será no auditório do Bloco J da UCS, a partir das 19h.

Reportagem: Eduardo Kopp

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