Bento-gonçalvenses relatam situação da pandemia e protocolos em outros países

A situação da pandemia de coronavírus no Brasil é uma das mais graves do mundo neste momento. Com número de mortes batendo recordes e hospitais em colapso, diferentes países têm olhado com preocupação o agravamento e crescimento dos casos de pacientes com Covid-19 no Brasil. O SERRANOSSA conversou com alguns bento-gonçalvenses que moram na França, Itália, Reino Unido e Estados Unidos para tentar entender quais ações os governos locais têm adotado para conter o avanço da pandemia e das mortes por Covid-19.
 

França

Eliane Zanluchi, Marcos Sandrin e a pequena Isadora Sandrin moram em Île-de-France, na França, região que está com uma ocupação em UTI de 98.9%. Desde novembro, eles convivem com restrições, inclusive com toque de recolher das 18h às 6h. “Nesse horário só pode sair com justificativa para tal. O movimento de uma região para outra dentro da França também necessita de justificativa e dependendo da região a ser viajada, deve contar com uma autorização prévia da prefeitura do destino. As viagens para fora do país estão proibidas, a menos que se comprove imperiosa necessidade”, explica Eliane. Maior parte do comércio funciona normalmente, respeitando-se quantidade máxima de pessoas no estabelecimento, mas os restaurantes estão limitados a entregas e retiradas e lojas não alimentícias com mais de 20.000m² estão fechadas. O uso de máscaras e o distanciamento são obrigatórios e, segundo ela, cumpridos pela população.


 

O que não entra nas restrições são as aulas: as escolas permanecem abertas desde abril do ano passado. “Elas tem alguns poucos procedimentos especiais, como lavar as mãos quando chegar e crianças acima de seis anos devem manter-se de máscara durante todo o período escolar”, detalha Eliane. “Foi apontado que tal medida não teria impacto nos casos e realmente parece que não teve, mesmo com a ameaça de um novo lockdown as escolas devem continuar abertas. O governo define a abertura das escolas como objetivo fundamental”, comenta. 
Quanto à vacinação, a família conta que as imunizações iniciaram em dezembro, porém ainda está devagar. “Com apenas 5 milhões de doses aplicadas, a promessa é acelerar agora com a chegada da primavera para que no verão o máximo de pessoas já estejam imunizadas”, destaca. A testagem na França se dá em massa e é gratuita para quem tem sintomas ou suspeita de exposição. “São diversos pontos disponíveis para fazer o PCR ao ar livre e em caso positivo tem-se um protocolo a seguir”. A família, que não pegou coronavírus, comenta que a rotina tem sido de cuidados. “Saímos para parques, caminhadas e para nos exercitar, porém não visitamos ou recebemos amigos, tampouco frequentamos bares e restaurantes. Entretenimento somente com distanciamento e ao ar livre”, conta.

Canadá

Gabriele Geremia Bucco, de 21 anos, mora na província de Colúmbia Britânica, no Canadá. Ela conta que o país já registrou 911 mil casos de Covid-19 e 22.482 mortes. Em dezembro e janeiro o Canadá teve o maior pico de casos e mortes, mas agora os números estão estagnados. Por conta disso, os estabelecimentos essenciais e não essenciais estão abertos, mas todos devem seguir as regras de distanciamento e o uso de máscaras. 
Gabriele conta que as aulas em universidades continuam sendo feitas on-line, porém escolas para crianças e adolescentes já estão abertas. “Eu trabalho em um restaurante no centro da cidade. Na entrada disponibilizamos máscaras, álcool em gel e o número de mesas foi reduzido para cumprir com as regras de distanciamento. Além disso, divisores de vidro/plástico foram colocados entre todas as mesas”, relata.

Ela conta também que no Canadá não existe nenhum medicamento ou tratamento para a Covid-19. “Quem testa positivo recebe uma ligação das autoridades de saúde, que orientam as medidas a serem tomadas. Caso você fura a quarentena em Colúmbia Britânica, pode pagar de 275 a 1.275 dólares canadenses. Nenhuma autoridade receita medicamentos e/ou tratamentos alternativos para quem testa positivo para o Coronavírus”, destaca.
A vacinação segue em ritmo lento também, embora seja incentivada pelas autoridades locais. “Segundo as previsões do governo, eu devo ser vacinada entre agosto e setembro deste ano”. Para ela, a pandemia no Canadá está sendo “muito mais fácil e menos violenta de ser enfrentada” em comparação com outros países. “Minha família toda mora no Brasil e eu me preocupo muito mais com eles do que comigo. Desde o primeiro lockdown, em março, o governo criou diversos tipos de auxílios para poder ajudar toda a população canadense. Quem estava sem trabalhar conseguia ganhar até 2 mil dólares por mês de auxílio. Outros tipos de contribuição para donos de estabelecimentos, famílias com crianças e para quem não conseguia pagar o aluguel também foram criados”, comenta.

Reino Unido

Ananda e Marcos Lazzarotto, que moram em Londres, capital da Inglaterra e do Reino Unido, comentam que eles vivem no terceiro lockdown desde o dia 15 de dezembro. Comércio e serviços de hospitalidade estão fechados. A recomendação do governo é que todos fiquem em casa. Para isso, o governo paga 80% dos salários que estão em contrato. “A gente percebe que a população respeita muito as regras. Nós não nos encontramos com ninguém desde o Natal, quando o país liberou o encontro com outra família para data. Então é proibido visitar outras pessoas desde então, a não ser que tenha uma autorização especial. O que é permitido é sair uma hora por dia, para exercícios físicos e compras nos supermercados”, comenta Ananda. Ela conta que a fiscalização também é rígida e passível de multa e benefícios para quem denunciar. “Quem é flagrado fazendo encontros ou aglomerações paga uma multa a partir de 1 mil libras e quem denuncia ganha  500 libras”, comenta.

A partir de 12 de abril, o Reino Unido vai autorizar take-away e consumo ao ar livre. “O fim do lockdown está previsto apenas para junho, quando o governo espera que boa parte da população já esteja vacinada”, conta Marcos, afirmando que nesta semana o Reino Unido já está na etapa de vacinação de idosos de 50 anos. “O governo prevê que até julho todos os maiores de 18 anos já vão ter tomado a primeira dose e até setembro a segunda dose. Mas, de acordo com os dados, o número de mortes e casos já caiu muito”, comenta.
Ananda conta que os protocolos para quem pega Covid também são bem específicos. Quem está com sintomas entra em contato com o Sistema de Saúde, passa todos os dados, é notificado que não pode sair de casa, e em dois dias recebe um teste em casa. “Tem todo um vídeo que explica como fazer o teste – eu fiz em frente ao espelho, depois embalei conforme a recomendação, e levei na caixa de correio mais próximo da minha casa. O sistema de saúde também fica ligando, acompanhando os sintomas e alertando a proibição de sair de casa”, conta ela, que testou positivo. “Aqui eles não tem nenhum protocolo de medicamentos. Eu fiquei com febre e meio mal. Eles mandam a gente tomar paracetamol e só. A recomendação é ir ao hospital somente se tiver morrendo mesmo”, relata. 

 

Estados Unidos

Laura Rossatto, 25 anos, mora há 5 meses em East Hampton, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Ela conta que por lá a situação continua alarmante. No último dia 14/03, o Estado registrou 105 mortes pelo coronavírus e 6.687 novos casos. No entanto, bares, restaurantes e comércio seguem abertos. “Os estabelecimentos podem ter 75% de ocupação para refeições internas, mantendo o distanciamento social, o uso obrigatório de máscara e o encerramento das atividades passou para as 23h”, relata. 
As escolas estão abertas também, com protocolos de segurança e, caso alguma criança teste positivo para a Covid-19, todos os alunos daquela sala e os profissionais que passaram por lá, obrigatoriamente, têm que fazer 15 dias de quarentena. 

Laura é babá nos Estados Unidos e, por conta do seu trabalho, ela já foi vacinada. “Recebi as duas doses. Pertenço ao grupo prioritário “child care”, cuidador infantil, em português, mas nem todas as pessoas da minha idade já foram vacinadas, revela.
Ela conta que no país ela nunca ouviu falar em tratamento precoce e, com o avanço da vacinação e a chegada do verão, todos estão esperançosos de que a vida possa melhorar. “Segundo os noticiários, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, espera começar a vacinar a população em geral a partir do dia 1º de maio. Acredita-se que, até a chegada do verão, irão conseguir imunizar toda a população ou uma grande parte dela”, completa a bento-gonçalvense.

 

Itália

Os bento-gonçalvenses Silvana e Thiago Garbin, que vivem em Verona, no Vêneto, comentam que exatamente um ano depois do início da pandemia, a história se repete. “Hoje (15/03) a Itália volta a viver mais um lockdown, com mais da metade do país em zona vermelha – quando o número de contágio ultrapassa de 250 a cada 100 mil habitantes – sob decreto que vai até 06 de abril. 
As regiões que estão em zona laranja também se tornarão vermelha na Páscoa, com exceção da Sardenha, a única em zona branca”, comenta.

 

Neste momento, as regras estão mais rígidas: não se pode transitar entre regiões, as saídas são permitidas somente por motivos essenciais, como mercado, farmácia e trabalho, e todos têm que estar munidos de uma autocertificação. “As atividades ao ar livre pode, porém não em grupos e perto de casa. Bares e restaurantes podem trabalhar somente no modo delivery. Os restaurantes onde trabalhamos, ambos optaram por fechar totalmente”, comenta.
Quanto à vacinação, o governo italiano afirmou que houve algumas falhas no processo, o que tornou a imunização mais lenta que o que foi programado. “Até a data de hoje, 7,9% da população (4.742.329 pessoas) já recebeu a primeira dose da vacina, mas somente 3,4% (2.027.463) recebeu a segunda dose. O governo estima que 80% da população seja vacinada até setembro, mas os críticos afirmam que, no ritmo que está andando, isso só será possível em maio de 2022”, comenta. 

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também