Bento Gonçalves está entre as dez cidades gaúchas que mais cresceram em habitantes, aponta IBGE
Para entender melhor como o município se estrutura para atender e proporcionar qualidade de vida para todos os habitantes, o SERRANOSSA entrevistou o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira
Os primeiros resultados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que Bento Gonçalves integra a lista das dez cidades gaúchas que mais cresceram em número de habitantes.
De acordo com o Censo de 2010, a população da época era de 107.278 mil habitantes. A título de comparação, estatísticas de 2022 mostram que o município chegou à marca de 123.151 mil habitantes, totalizando 15,8 mil novos moradores. Com isso, Bento Gonçalves é a segunda maior cidade da Serra Gaúcha.
No ranking das dez cidades que mais ganharam habitantes, Bento Gonçalves ocupa a sexta posição, atrás dos seguintes municípios: Caxias do Sul; Canoas; Capão da Canoa; Lajeado e Passo Fundo.
O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira, afirma que o crescimento populacional de Bento Gonçalves é acompanhado pelo Poder Público ao longo dos anos. Por isso, Siqueira também revela que a prefeitura acredita que o dado populacional referente ao município é ainda maior do que aquele apresentado pelo IBGE.
“É um movimento percebido com aumento da procura por vagas na educação, que hoje conta com 13.500 alunos, nos serviços de saúde, que nos apresenta cerca de 500 atendimentos por dia na UPA, com atendimentos da assistência social. Um dado que acreditamos ser ainda maior do que o levantado, por isso, estamos entrando com recurso para contestar os dados apresentados”, afirma.
Sobre o que atrai tantos habitantes, o prefeito responde que Bento Gonçalves é uma cidade acolhedora, além de ser conhecida por sua “veia” empreendedora e turística.
“Com qualidade na educação, saúde, que apresenta oportunidades de inserção no mercado de trabalho. Mais da metade da população veio para cidade para buscar oportunidades, eu mesmo vim para cá de outra cidade para trabalhar”, garante.
Questionado se há emprego para todos os moradores, Siqueira responde que Bento Gonçalves é uma cidade que apresenta muitas possibilidades de inserção no mercado de trabalho e que a prefeitura atua para que a população possa ter acesso a essas vagas, realizando, por exemplo, ações como o Mutirão do Emprego, Balcão de Oportunidades e Balcão do Primeiro-Emprego, entre outras.
O jornalista Pedro Corrêa Gonçalves, de 29 anos, é um exemplo de quem veio para a cidade devido às oportunidades de trabalho. Há um ano, ele chegou de Santa Maria, na Região Central do Estado, para trabalhar como Assessor de Comunicação em uma empresa de turismo, localizada no roteiro Caminhos de Pedra.
E, apesar do pouco tempo, garante que já está bem adaptado ao município, do qual pretende continuar morando pelos próximos anos.
“Bento é uma cidade pequena, que tem tudo. Oferece lazer, turismo e cultura de qualidade para todos os gostos e públicos. Os roteiros da cidade oferecem boa comida, arquitetura, história, belezas naturais e muita cultura. A qualidade de vida que Bento Gonçalves é um diferencial. E a proximidade com Porto Alegre faz com que eu queira ficar por aqui por um bom tempo”, destaca.
Educação
Com tantas famílias novas chegando na cidade, o prefeito garante que a prefeitura tem trabalhado constantemente para melhorar a qualidade do ensino municipal.
“Investimos no material padronizado, na qualificação dos nossos profissionais com Centro de Aprendizagem pedagógica e avaliação, centro municipal para acompanhamento dos alunos e reforço escolar, ampliamos o número de vagas com duas novas escolas, estamos com a EMI infantil para ser inaugurada no [bairro] Zatt, além da parceria com a UCS, que já conta com 400 alunos em turno integral”, menciona.
De acordo com Siqueira, todo esse trabalho também é realizado para garantir que nenhum aluno de idade obrigatória, entre a pré-escola e o 9º ano do Ensino Fundamental, fique fora da escola.
“Novos alunos são encaminhados para escolas da rede do zoneamento ou, se não houver, em escolas próximas, com transporte. Caso seja do zoneamento do Estado, são encaminhados à 16ª CRE [Coordenadoria Regional de Educação] ou diretamente à escola por eles indicada”, esclarece.
Quanto a etapa da creche, que apresenta maior demanda em algumas regiões da cidade, quando não há vagas no zoneamento em que a criança reside, a prefeitura encaminha para outras escolas.
“Ou, em último caso, para vagas de convênio, sempre respeitando os critérios (pais estarem trabalhando, criança com deficiência, vulnerabilidade, menor renda per capita familiar)”, afirma.
Segurança
Normalmente, com o crescimento das cidades, também crescem os índices de criminalidade. Entretanto, em Bento Gonçalves, os dados ainda se mantêm baixos. De acordo com Siqueira, o Poder Público vem trabalhando para garantir aos munícipes a sensação e maior segurança.
“Ampliamos e modernizamos o videomonitoramento nas principais ruas da cidade. Temos um trabalho integrado das forças de segurança. A Guarda Civil Municipal e os Agentes do Departamento Municipal de Trânsito realizam o monitoramento nos principais pontos da cidade”, salienta.
Redução de recursos
A divulgação dos dados do Censo Demográfico de 2022, pelo IBGE, desencadeou uma série de reações de prefeitos contrariados com o fato de seus municípios terem perdido população.
Isto porque o número de habitantes de cada município, combinado com a renda per capita do Estado, é o que determina o tamanho da fatia de cada um no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Na prática, menor população pode significar menos dinheiro transferido pela União para a conta da prefeitura.
O mais recente Censo do IBGE mostra que 291 municípios gaúchos, o equivalente a 58,55% do total, sofreram queda na população. Dessas, 44 prefeituras tiveram redução suficiente para ocasionar perda de uma cota no FPM, aponta levantamento da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs).
Na Serra Gaúcha, entre os 44 municípios do RS que perdem recursos do FPM com o novo Censo, está Carlos Barbosa.
IBGE se manifesta
O IBGE divulgou um comunicado público no dia 03 de julho, em defesa dos resultados apresentados pelo Censo Demográfico 2022, assegurando que os dados têm “qualidade e confiabilidade indiscutíveis”.
Além disso, o órgão prometeu divulgar, em breve, dois documentos atestando a qualidade dos resultados: um parecer de especialistas que atestaria a confiabilidade dos dados, incluindo a chancela do Fundo de População das Nações Unidas; e a Pesquisa de Pós-Enumeração do Censo, cujo “principal objetivo é fornecer mais recursos para a avaliação da cobertura e da qualidade da coleta através de uma amostra de setores censitários”.
No caso dos especialistas, o IBGE relata ter convidado um grupo de demógrafos, estatísticos e geógrafos para uma oficina de três dias de apresentação e avaliação dos resultados do Censo. Os profissionais teriam tido, posteriormente, acesso aos dados para análise, se comprometendo “a entregar um parecer acerca dos esforços técnicos, práticos e metodológicos empenhados pelo IBGE desde o início da coleta censitária, bem como sobre a confiabilidade dos dados”.
“O documento, a ser publicado em breve, terá a chancela do Fundo de População das Nações Unidas, que também participou do evento”, afirmou o IBGE, no comunicado.
Censo
A coleta do Censo começou em 1º de agosto de 2022 e foi planejada para se estender até o fim de outubro do ano passado. No entanto, com uma série de dificuldades para contratação, pagamento e manutenção de recenseadores que atuam no trabalho de campo, o prazo foi prorrogado diversas vezes. A coleta dos dados terminou no dia 28 de fevereiro de 2023.
O Censo costuma ser realizado a cada dez anos. A versão anterior foi realizada em 2010. A edição atual estava prevista para 2020, mas foi adiada pelas restrições impostas pela pandemia de COVID-19. Em 2021, houve novo adiamento, mas dessa vez em razão do corte de verbas para o IBGE no governo Jair Bolsonaro. Assim, a pesquisa ficou para 2022.
Importante ferramenta para implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos governamentais e privados, os resultados populacionais do Censo Demográfico dão uma dimensão sobre como crescem as cidades.